A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) investiga a morte de 13 macacos no interior do Paraná. Amostras da necropsia dos cadáveres, encontrados nas regiões Sudoeste, Campos Gerais e região metropolitana de Curitiba nos três últimos meses, foram enviados ao Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA), para averiguar se os animais estavam infectados com o vírus da febre amarela. Entretanto, há suspeita de que alguns tenham sido mortos pela população, receosa de que eles transmitam a febre amarela. A pasta chegou a emitir um alerta semana passada para frear a violência contra os primatas.
Macacos não são transmissores da febre amarela, mas, assim como os homens, são contaminados por mosquitos. O que faz do macaco uma sentinela que indica a presença da doença em uma determinada região.”Por viverem em regiões de mata, os primatas costumam ser os primeiros infectados e, dessa maneira, assumem um papel importante de sentinelas, indicando a presença do vírus na região”, explica a superintendente de Vigilância em Saúde da Sesa, Cleide de Oliveira, em nota da pasta.
Portanto, é essencial que a população comunique de imediato quando encontrar um macaco morto - segundo a Sesa, a comunicação deve ser feita à secretaria de saúde dos municípios. ”Quando comunicada, a secretaria pode encaminhar exames e, se for constatada a morte do macaco por febre amarela, já começar a planejar campanhas de vacinação”, reforça Cleide.
Se o animal morto for encontrado com sinais de maus tratos, a Polícia Ambiental deve ser acionada. De acordo com a lei de crimes ambientais, a pena para quem maltratar animais pode variar de três meses a um ano de prisão, mais multa.
Atualmente, três estados brasileiros têm casos confirmados de febre amarela. Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo possuem, juntos, 230 diagnósticos positivos para a doença, sendo que a maioria são em municípios mineiros: 201. O Ministério da Saúde já confirmou 79 mortes causadas pela infecção, que até o momento tem se limitado a áreas rurais. No Paraná, nenhum caso foi confirmado.
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Apesar do alerta emitido pela Sesa semana passada, o biólogo Fernando Passos, professor do departamento de zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em primatas, critica as medidas adotadas pelo governo para orientar a população em relação aos macacos. Segundo ele, outros estados, como São Paulo, têm até cartilhas para orientar a população a não agredir os animais. “A gente tem batalhado para ver se consegue fazer esses avisos, divulgando que macaco não é culpado. A mortalidade pela doença já é grande e, se a população começar a matar, pode haver uma redução ainda maior da população desses bichos”, alerta.
A Sesa afirma estar monitorando a morte dos macacos e que a produção de materiais informativos faz parte da estratégia na orientação à população. Os materiais estão sendo divulgados nos veículos oficiais de comunicação do estado, informa a pasta. Além disso, equipes de saúde das regionais estão sendo constantemente orientadas a reforçar os alertas com a população. Mais de 60 mil doses de vacina contra a febre amarela já foram distribuídas aos municípios do Paraná.
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