A Secretaria da Segurança Pública do Paraná divulgou nesta terça-feira uma nota oficial sobre a acusação de que seis policiais executaram o pedreiro Édson Elias dos Santos, de 28 anos. O rapaz, morador de Rio Branco do Sul, na região metropolitana de Curitiba, foi morto com vários tiros nas costas, depois de uma abordagem policial na madrugada de sábado, no Largo da Ordem.
A nota da secretaria diz que "já foram tomadas todas as providências para apuração, com total transparência, da morte de Santos e que a investigação tem como objetivo explicar as circunstâncias do fato". Na segunda-feira, os seis policiais foram afastados de suas funções e passam a prestar apenas serviços administrativos enquanto durar a apuração do fato. A versão oficial da PM é que os policiais foram chamados para atender uma suspeita de roubo de carro. Santos, que estava com mais duas pessoas, teria reagido à abordagem atirando. Entretanto, uma testemunha, que não quis se identificar por medo de represálias, negou ao Paraná TV que Santos estivesse armado no momento da abordagem.
"Não vi arma nenhuma. O policial pediu para ele parar e ele parou. Ergueu a mão para cima, foi se entregar, só que desceu um outro policial da rua de cima. Desceu e não falou nada, simplesmente começou a atirar. Outro policial que estava atrás ajudou a atirar também", disse a testemunha.
Sesp explica informação desencontrada
Os policiais chegaram a mostrar uma viatura baleada e disseram ter encaminhado os outros dois suspeitos, além da arma de Santos, para o 8.° Distrito Policial, no bairro Portão. Entretanto, o telejornal Paraná TV desta seguda-feira, mostrou que no 8.° DP não havia registro de que duas pessoas tenham sido encaminhadas pela PM na noite de sexta-feira para sábado.
A secretaria explica na nota que aos sábados, domingos e feriados, funciona no 8.º DP o Ciac (Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão). "É nos Ciacs que são registradas as ocorrências nestes dias". Segundo a nota, no livro de registro do Ciac consta a entrega da arma e a oitiva dos dois rapazes presos na ocorrência, que assinaram um termo circunstanciado e foram liberados.
Sobre a divergência na informação, a secretaria diz que "os policiais civis que fazem plantão no Ciac são oriundos de outras delegacias e atuam em regime de escalas. Desta forma, os procedimentos adotados pela equipe policial têm continuidade na unidade de origem dos policiais que faziam o plantão na data do registro da ocorrência. A pessoa que passou as informações de maneira equivocada faz parte de outra equipe de plantonistas".
Acusação em 2004
Em janeiro de 2004, policias do 12.° Batalhão de Polícia Militar (responsável pelo patrulhamento na região do Largo da Ordem) foram acusados de atear fogo a um adolescente, que teve pelo menos 50% do corpo queimado.