Secretaria de Segurança do Paraná diz que método do estudo é equivocado

Após a publicação da pesquisa do Mapa da Violência no Brasil, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) divulgou na tarde desta terça-feira uma nota dizendo que o método do estudo é equivocado. A pesquisa traz a cidade de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, em posições preocupantes em relação a homicídios, homicídios juvenis e óbitos por arma de fogo.

A cidade paranaense encabeça a lista de todos os municípios brasileiros com maiores taxas médias de homicídios juvenis. Esta não é a primeira vez que a Secretaria contesta métodos e números levantados por pesquisas nacionais. Em setembro de 2006, a Sesp classificou os dados usados em um relatório da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), órgão ligado ao Ministério da Justiça, como "furados e fajutos".A pesquisa da Senasp, na época, coloca Curitiba, Foz do Iguaçu e São José dos Pinhais entre as cinco cidades com o maior índice de crimes contra a vida do Brasil. Dias depois, o subsecretário Nacional da Segurança Pública, Robinson Robin da Silva, esteve em Curitiba e disse que haveria uma correção nos dados apresentados no estudo. Segundo Silva, o mecanismo de coleta das informações teria sido equivocado.Confira na íntegra a resposta da secretaria sobre a pesquisa divulgada nesta terça-feira.

"Sobre a pesquisa produzida pela Organização dos Estados Ibero Americanos, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp) esclarece que comparar de maneira simplista os números da criminalidade registrados em Foz do Iguaçu com os de qualquer outra cidade brasileira é no mínimo uma atitude equivocada e que de nada colabora para as discussões sobre segurança pública em área de fronteira.

Em primeiro lugar, Foz do Iguaçu é uma cidade de tríplice fronteira que diariamente recebe milhares de pessoas de inúmeros locais fato que por si só já a diferencia de qualquer comparação simplista com outra cidade brasileira.

Para se ter uma idéia, em 1970, a cidade contava com 33.966 habitantes. Apenas dez anos depois, este número saltou para 136.321 habitantes – aumento de 400%. Hoje, de acordo com o último censo realizado pelo IBGE em 2005, a cidade conta com uma população de aproximadamente 302 mil pessoas. Esta explosão populacional fez com que Foz do Iguaçu tivesse uma taxa média de 506,57 habitantes por Km2 contra a média brasileira de 12 habitantes por Km2 - número 400 vezes menor.

Apenas estas diferentes características citadas já exigem de toda a sociedade e do poder público uma análise muito mais profunda sobre a cidade do que apenas a avaliação do contingente policial e das ações realizadas na área da segurança pública.

Ainda assim, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná já enviou para a Foz do Iguaçu somente neste governo dezenas de novos veículos, mais de 130 novos policiais, mais de 100 novas pistolas ponto 40, 243 coletes balísticos, realizou reformas em diversas delegacias e no batalhão da cidade, além da implantação da Patrulha Escolar e Projeto Povo.

A Sesp ainda tem desenvolvido ações diferenciadas na cidade com o intuito de combater a criminalidade na região. Uma nova estrutura para o combate ao tráfico de drogas está sendo implantada na cidade para a luta contra o crime organizado.

É necessário esclarecer que segurança não se faz apenas com ações policiais e com o aumento de efetivo. As concepções mais modernas, as mesmas utilizadas pela polícia paranaense, prevêem que a soma de diversas ações da polícia e de diferentes órgãos da sociedade organizada é essencial para a melhoria das condições de segurança da população. É assim que se trabalha com inteligência para combater o crime, e é assim que a Sesp tem desenvolvido trabalhos que possam resultar na redução dos índices de criminalidade da região".