O secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, afirmou nesta sexta (24) que não há nenhum indício de que policiais tenham participado do assassinato de oito pessoas na quadra da torcida organizada Pavilhão Nove, na zona oeste de São Paulo.
A Folha de S.Paulo revelou, no entanto, que o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) apura a possibilidade de que policiais militares estejam envolvidos nas mortes das vítimas.
“Não há nenhum indício de que policiais tenham participado. O que gerou essa boataria foi um comentário feito por um faxineiro do local, um comentário feito no momento que ele estava alcoolizado teria visto um cinto de policial”, afirmou. “E depois ele livre dos efeitos maléficos do álcool não disse mais isso. Mas isso gerou um rebuliço.”
Questionado sobre informação publicada pela Folha, de que testemunhas afirmaram que policiais teriam ido uma semana antes à sede da torcida e agredido torcedores, o secretário afirmou “não me parece relevante”.
Ele afirmou que já há dois suspeitos e que uma terceira pessoa está sendo checada. A polícia já tem dois nomes: André e Domênico.
Policiais do DHPP checam a possibilidade de que três policiais à paisana, que seriam ligados à Força Tática da PM de Osasco (Grande São Paulo), tenham atuado no crime.
No dia da chacina, as vítimas, com idades entre 19 e 38 anos, foram mortas com tiros na região da cabeça, depois de terem sido obrigadas a ficar deitadas no chão - cápsulas de pistola de 9 mm foram encontradas no local.
O alvo do crime, de acordo com as investigações, era Fábio Neves Domingos, 34, que levou um tiro na nuca e outro tiro no braço direito. Ele teria discutido com um dos assassinos antes da chacina.
Entre os motivos investigados do ataque estão dívida - contraída devido ao tráfico de drogas - e vingança.
Fábio Domingos foi um dos corintianos detidos em 2013 na Bolívia sob a acusação de lançar um sinalizador que matou um torcedor local numa partida da Libertadores.
Ex-presidente da torcida organizada, ele já tinha passagem por tráfico de drogas e era suspeito de vender cocaína na região do Ceagesp.
Segundo testemunhas, 12 homens estavam na sede da torcida no momento da chegada dos assassinos. Três conseguiram escapar e outro, um faxineiro, foi poupado - enrolado numa faixa da torcida, relatou ter somente ouvido os tiros.
Ela apura a informação de que, dias antes de ser morto, Fábio Domingos tenha sido preso por policiais com um carregamento de cocaína e dado propina para ser liberado.
Para pagar, ele teria obtido dinheiro com um agiota. Por isso, além de endividado, também ficou sem a droga.
A Pavilhão Nove foi fundada em 1990, numa homenagem de amigos corintianos ao time de futebol da antiga casa de detenção do Carandiru. No entanto, desde a chacina, a polícia sempre descartou a ligação do crime com as brigas entre torcidas.
A chacina foi a quarta na capital em menos de dois meses, num total de 28 mortos.
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