O secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, disse nesta segunda-feira (21) que o aplicativo Uber, que promove transporte de passageiros, prefere continuar clandestino na cidade.
“O temor do Uber não são os táxis. O temor dele é a hora que liberar, porque os outros aplicativos vão entrar com muito mais potência que eles na cidade, como o 99Taxis e outros. Esse é o problema. Acho que interessa para o Uber ficar como está”, disse.
O secretário foi questionado por um internauta sobre a razão de ser contra o aplicativo durante o programa Gabinete Aberto, exibido pela internet. Ele foi cobrado por “priorizar interesses corporativos em detrimento do interesse público”.
A Câmara já aprovou projeto que proíbe aplicativos como o Uber, e o texto aguarda sanção do prefeito Fernando Haddad (PT), que deve aprová-lo.
Outro projeto, que ainda não foi votado, pede a regulamentação dos aplicativos já usados pelos taxistas.
O Uber é considerado transporte clandestino pela prefeitura desde que surgiu, no ano passado. O motorista flagrado já é multado (em cerca de R$ 1.900) e tem o veículo apreendido.
O argumento dos vereadores para a nova lei é de que é necessário respaldo jurídico para a proibição, já que não há legislação municipal específica para aplicativos de transporte.
Tatto afirmou que a legislação estabelece que o transporte privado é atividade exclusiva dos taxistas. “Tem uma legislação, eu não posso autorizar o Uber porque estou descumprindo a lei.”
Disse ainda que a falta de regulamentação já levou, por exemplo, às proliferação das lotações.
“Temos que tomar cuidado. Vou dar um exemplo: e se de repente eles começarem a usar vans? Nós tínhamos um sistema de vans clandestinas na cidade de São Paulo. Criou um caos. No primeiro momento parece uma coisa legal, todo mundo gosta, mas depois desregulamenta e a cidade paga um alto preço.”
O secretário, entretanto, acenou com a possibilidade de criar uma regulamentação no futuro. Afirmou que o prefeito pediu criação de uma comissão de estudos sobre o assunto e que está acompanhando como outras cidades do mundo estão lidando com a questão.
“Esses aplicativos são importantes, acho que vieram para ficar”, disse.
No mesmo programa, Tatto atacou os atrasos nas obras de transporte sobre trilhos do governo Geraldo Alckmin (PSDB). “O ônibus está sobrecarregado. Só o ônibus não vai ser a solução para a cidade de São Paulo. Tem de investir em trilho, mas o metrô não vai para frente”, disse.
O petista focou as críticas no monotrilho da linha 15-prata, que chamou de “trenzinho que parece de brinquedo” e que teve a extensão até a Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital, congelada pelo governo.
“O projeto que fizeram é errado. Quem conhece a Cidade Tiradentes e a quantidade de pessoas vindo até a região central sabe que ali é metrô, é grande carregamento. Mas aí o que aconteceu? Foi feito um acordo, dividiu três lotes, cada um pegou um pedaço do monotrilho na cidade, e aí precisava dar para uma empresa lá daquela região.”
Tatto disse ainda que “o preço do monotrilho já está igual ao metrô” e que há “uma dúvida muito grande” de técnicos em relação ao sistema.
“Acho que esse tempo todo [de atraso] não é conclusão de obra. Eu acho que eles estão quebrando a cabeça para tentar arrumar uma tecnologia para por em funcionamento esses monotrilhos. Enquanto não tem essa tecnologia estão comprando os trens. Estão prontos e vão ficar empoeirados porque não tem onde por. É isso que é falta de planejamento. E gastando dinheiro público e demorando pra fazer.”
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