As investigações da Polícia Federal nos últimos meses teriam levantado uma série de provas que colocam em xeque, mais uma vez, a expressão "segurança máxima" dos presídios federais, como os de Catanduvas e de Campo Grande. Os indícios são de que mesmo nesses presídios, chefões, como Fernandinho Beira-Mar, comandam as quadrilhas.
As suspeitas contra a estrutura de segurança montada nos presídios já havia sido levantada há alguns meses, especialmente no caso de Catanduvas, a partir de um relatório da Polícia Federal que teria vazado à imprensa.
O documento reservado mostra, entre outras coisas, que Fernandinho Beira-Mar teria se aproveitado da disputa interna entre agentes penitenciários e a direção do presídio para fortalecer a organização dos presos e assumir a chefia. O documento relatava a disputa interna, que teria começado com a decisão do Ministério da Justiça de vincular os agentes penitenciários ao Departamento Penitenciário Nacional e colocar homens da Polícia Federal nos cargos de chefia, como da área de segurança e direção da penitenciária.
O documento mostra, entre outras coisas, que Beira-Mar havia criado toda uma estrutura de apoio logístico, com casas, apartamentos, carros e até um taxista que teria a função de transportar familiares e advogados entre Cascavel e Catanduvas.
No dia 9 de outubro, numa operação da Polícia Militar do Rio de Janeiro, na favela do Jacarezinho, foram apreendidos 300 quilos de maconha numa casa abandonada. No local, os policiais acabaram encontrando uma carta de uma facção criminosa que mostra contribuições de 49 favelas, compra de armamento e munição, ordem para retomada de pontos de venda de drogas, viagens para Brasília e Curitiba, além de contatos com os chefes do tráfico que estão no presídio de Catanduvas.
O documento tem nove páginas, mas apenas quatro teriam sido divulgadas pela polícia. Nelas, traficantes revelam que presos do presídio de Catanduvas pedem empenho das favelas ligadas à facção para a retomada do controle da venda de drogas em Vigário Geral e a retirada da milícia do Morro Camarista Méier.
Em Catanduvas estão 12 dos principais chefes do narcotráfico do Rio de Janeiro. Fernandinho Beira-Mar foi transferido, em julho deste ano, para Campo Grande. (CH)