O desespero de parentes e amigos de passageiros tomou conta do aeroporto internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, nas horas seguintes à tragédia. Irritados com a falta de informações sobre quem estava no vôo da TAM, um grupo de aproximadamente dez familiares tentou derrubar as portas de vidro de um auditório onde seriam fornecidas informações. A sala estava trancada quando as pessoas chegaram. Abertas as portas, ninguém da companhia deu informações.
Até o fim da noite, a companhia não havia disponibilizado a lista dos passageiros do vôo. A empresa afirmava aos familiares que a lista seria divulgada apenas pelo telefone 0800117900.
Os parentes em Porto Alegre, porém, não conseguiam acessar o telefone. O advogado Roni Menezes da Silva disse que sua mulher aguardou por 20 minutos na linha e recebeu a informação de que a lista não seria divulgada por telefone. "Eles têm a lista", disse Silva, olhando para o balcão da companhia. "Fornece logo a lista, acaba com essa angústia", pediu.
Míriam Batista contou que o cunhado iria para São Paulo a trabalho e criticou a falta de informações da companhia aérea. "Não consigo saber nada", declarou, sem ter certeza de que ele embarcou no vôo 3054.
Sem notícias, cerca de 30 pessoas que estavam no auditório voltaram para o balcão da TAM, mas já não havia funcionários da companhia no local. Os parentes tentaram invadir o balcão da companhia e foram contidos por seguranças, que montaram um cordão de isolamento. Ambulâncias foram deslocadas para o local.
Congonhas
Em São Paulo, pessoas que esperavam parentes e amigos também entraram em desespero. Uma multidão se aglomerava em frente ao portão norte, que dá acesso a uma área restrita da Infraero no aeroporto.
Algumas pessoas chegaram consternadas ao local e, após se identificar para policiais federais que fechavam o acesso, entraram rapidamente na sala. Ao lado do portão, a promotora de vendas Juliana Oliveira, de 26 anos, queria saber se algum de seus amigos que trabalham como comissários de bordo da TAM estava no Airbus. "Ninguém esclarece nada", disse. Apesar de a TAM ter dito que já havia montado um gabinete de crise após o acidente, até o fim da noite não havia nenhum funcionário da empresa no local para passar informações aos parentes.
IML
Às 22h10, chegaram os primeiros carros com corpos ao Instituto Médico Legal da capital paulista, que colocou 15 peritos a mais para trabalhar durante a madrugada. Segundo Celso Perioli, superintendente de Polícia Científica, está sendo feito um esquema semelhante ao usado no acidente com o Fokker 100 da TAM, para identificar os mortos através de exames de DNA e de arcada dentária.
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