A desintegração financeira da Rede Integrada de Transportes de Curitiba ainda não trouxe a prometida melhora no sistema metropolitano. Além do encurtamento de linhas e mudanças na forma de pagamento, passageiros também não estão contando temporariamente com as previsões de horários, um serviço que era comum nos tubos e terminais. E ainda estão passando mais tempo a espera do ônibus.
A Gazeta do Povo esteve em três pontos de embarque para cidades da região metropolitana na última semana para cronometrar o tempo de espera pelos ônibus. As três linhas medidas transportam mais de 30 mil pessoas pagantes por dia útil. Comparando os dados enviados por Urbs e Comec, é possível notar que o crescimento no tempo de espera médio por duas linhas ultrapassa 75% no pico e em todas elas a espera é maior fora desse período. Na avaliação de usuários ouvidos pelo jornal e da própria reportagem, o intervalo médio praticado pelas duas gestoras está pouco maior agora. Mas a espera se tornou ainda maior no chamado entre pico, período entre 9 e 17 horas.
ECONOMIA
Quando assumiu a gestão das linhas metropolitanas, o governo do estado prometeu racionalizar a operação. Para tanto, encurtou substancialmente os trajetos de cinco ligeirinhos, extinguiu linhas onerosas ou sobrepostas e mudou pontos de integração. O objetivo era diminuir o subsídio estadual dos R$ 7 milhões mensais repassados em 2014 para algo em torno de R$ 3 milhões. O estado informou que assegurou, em média, R$ 3,8 milhões por mês ao sistema para manter uma tarifa justa após a desintegração financeira.
Na segunda-feira (7), por volta das 15h40, o embarque na linha Pinhais/Rui Barbosa só foi possível quase uma hora depois da chegada da reportagem. Nesse meio tempo, passaram apenas dois ônibus dessa linha e sete da também expressa Centenário/Campo Comprido. O resultado disso foi o tubo abarrotado de passageiros metropolitanos, tumulto para embarque e desembarque na linha urbana e uma sofrida viagem até a cidade vizinha. A Comec informou que esse foi um problema pontual por conta de um pneu furado.
O teste foi refeito no mesmo tubo após as 17 horas na última sexta-feira (11) e o tempo médio de espera caiu consideravelmente: 5 minutos. O cobrador que trabalha no local disse que os intervalos entre ônibus da Pinhais/Rui Barbosa realmente estão maiores, mas apenas fora dos horários de pico. A Informação ratificada por passageiros.
“Esse ônibus sempre foi cheio, mesmo em dias que não está chovendo. Não dá nem para respirar direito. Mas o intervalo entre eles nesse horário não mudou não”, disse Cassilda Motta, que utiliza a Pinhais/Rui Barbosa toda semana, sempre após as 17 horas.
Já quem vai para Colombo diz estar sentido uma dupla mudança. O ligeirinho Colombo/CIC foi um dos cinco cujo trajeto foi alterado pela Comec. Essa linha tinha 43 Km de extensão e agora vai apenas até o Cabral. Mas os passageiros lamentam ter notado outra mudança: eles têm esperado mais pelo ônibus. “Faz mais de 20 anos que eu pego ônibus para Colombo e é sempre esse mesmo inferno. Mas este ano piorou ainda mais. E eles colocam tudo junto, no mesmo horário”, reclamou Alzira Freitas. Segundo o órgão estadual, os atrasos dessa linhas nas últimas semanas decorre de obras de recapeamento na avenida Monteiro Tourinho.
No escuro
E essa espera pelo ônibus tem ocorrido às cegas. Os painéis luminosos deixaram de exibir as previsões de horários das linhas metropolitanas. Segundo a Urbs, os equipamentos poderiam continuar sendo compartilhados, mas isso depende de Comec disponibilizar informações do GPS dos veículos. Todos os ônibus da RIT tinham esses equipamentos até o início deste ano, mas a Comec optou por trocar todo o sistema de bilhetagem dos seus ônibus (veja mais ao lado).
Quando realizou a cerimônia de apresentação dessa nova bilhetagem do sistema metropolitano, o governador Beto Richa e o secretário do Desenvolvimento Urbano, Ratinho Júnior, haviam prometido que os passageiros dessas linhas teriam informações em tempo real sobre a localização dos ônibus no smartphone. Mas isso depende da instalação dos GPS. A promessa era de que tudo estivesse pronto até o final deste ano.
Segundo a Comec, o prazo foi adiado para março de 2016 por conta de uma dificuldade técnica na transição do sistema anterior para o atual. A instalação dos GPS depende da retirada do veículo de operação e 80% da frota já estão com os novos equipamentos, diz o órgão. O App Ônibus + já está disponível nas lojas virtuais, mas sua completa utilização depende da conclusão dessa migração técnica.
Colaborou Getúlio Xavier
Passageiros de Tamandaré elogiam mudanças, mas criticam estado do terminal
Na última sexta-feira (11), o clima era de elogio no tubo da Praça 19 de Dezembro. Ali ocorre o embarque do ligeirinho Centro Cívico/Almirante Tamandaré. “Vou ser injusta se eu reclamar dessa linha de Tamandaré. Hoje a gente não pega ônibus cheio e demora o mesmo tempo [que antes]. E, antigamente, vinha gente lá de longe com o ônibus já lotado e ainda tinha um monte de gente para pegar o Colombo/CIC, o que não tem mais”, disse Kimberly Machado.
O fluxo de embarques e desembarques no tubo Praça 19 de Dezembro era maior antes das mudanças na gestão da RIT. Até então, essa parada também servia aos passageiros da linha CIC/Colombo. Com a extinção desse ligeirinho e criação do CIC/Cabral, os passageiros dessa nova linha passaram a utilizar a estação Comendador Fontana, perto do prédio do SESI/Fiep.
A passageira Marivone da Silva ponderou, porém, que o estado deve dar mais atenção ao terminal da cidade. “Está tudo completamente abandonado lá em Tamandaré. O terminal fica uma lama completa, sem luz, e o banheiro está todo abandonado”, reclamou.
Precariedade
Em janeiro, a Gazeta do Povo já havia mostrado o mau estado desse e de outros terminais metropolitanos. À época, o governo estadual havia informado que estava retomando uma obra de R$ 1,5 milhão para modernizar o Terminal Cachoeira, em Almirante Tamandaré.
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