Um dos coordenadores do MST no Paraná, José Damasceno, diz que a decisão do Ministério Público gaúcho deixa clara a inversão de papéis por parte do MP. "Em vez de defender a população, ele está tomando posição de classe, atuando como se eles fossem os fazendeiros enfrentando o MST", diz.

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Damasceno considera retrógada a decisão do MP e afirma que "a sociedade já legitimou o MST, bem como outros movimentos sociais". "O Ministério Público tem tomado uma posição de extrema direita e classista", reitera.

Para ele, no entando, a decisão do MP do Rio Grande do Sul não deve inpirar o órgão em outros estados. "Ainda acredito que aquela tenha sido uma decisão isolada", avalia. "Não deve virar uma mania nacional. Na sociedade existem pessoas e instituições de renome que defendem o MST e os movimentos sociais. A tentativa de criminalizar o MST vai fortalecer ainda mais o movimento."

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O líder também cita os quatro sem-terra mantidos presos em Francisco Beltrão há quase dois meses para dizer que o movimento tem sofrido perseguições de ordem política. "Essas prisões foram arbitrárias, fruto de perseguição", assegura. Os quatro homens foram presos após ocupação na Fazenda Araçá, em Marmeleiro, e têm contra si uma série de acusações.

Ruralistas

Já o coordenador da Comissão de Política Fundiária da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Tarcísio Barbosa, diz que é preciso aumentar o rigor nas ações legais contra os sem-terra. "Esse é um movimento que é político e ideológico e já se desviou totalmente das finalidades agrárias", acusa. "E vem cometendo crimes há anos."

Para ele, o movimento mostra incoerência quando faz manifestações públicas pedindo paz no campo e mantém as ocupações às propriedades rurais e a prédios públicos. O líder ruralista vê a decisão do MP gaúcho, de pedir a dissolução do MST e proibir o deslocamentos de grupos do movimento pelo estado como "uma contribuição efetiva para a paz no campo".

Barbosa diz que a Faep mantém a postura de cobrar dos governantes e demais autoridades a emancipação imediata dos assentados, pela entrega do título definitivo de posse das terras. "Se os que estão assentados forem emancipados, deixam de depender de ajuda e não poderão mais ser usados como massa de manobra pelo movimento", afirma.

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A Faep quer que seja feito um levantamento da produtividade nas áreas de assentamento. "Se deu resultado, que sejam todos emancipados", sugere. "Se não deu resultado, que o assunto seja investigado para punir os responsáveis. Afinal, já se gastou muito dinheiro público nisso e alguém precisa prestar contas para toda a sociedade."