Sem-terra ocupam fazenda em Renascença

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Cerca de 50 famílias pertencentes ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocuparam a Fazenda Araçá, em Renascença, Sudoeste do Paraná, na noite de terça-feira (27). A ocupação ocorreu quatro dias após o fim do 13º Encontro do MST, que foi realizado no município gaúcho de Sarandi. No evento, as lideranças do movimento prometeram intensificar as ocupações de terra em 2009 para pressionar o governo por novos assentamentos.

Apenas o caseiro estava na fazenda durante a ocupação, que foi pacífica. A fazenda de 320 hectares, que possui plantação de soja e criação de gado, fica no limite entre os municípios de Renascença e Marmeleiro e é alvo de disputa judicial entre proprietários e o Instituto Nacional de Colonização (Incra). Em 2006, a parte da área localizada em Marmeleiro foi ocupada por cem famílias. Em junho de 2007, a Justiça determinou o despejo, mas no mês seguinte foi feita nova ocupação, que persiste até hoje. A que foi feita nesta terça-feira foi em outra parte da fazenda.

A área da Fazenda Araçá foi arrendada pelo Incra a um médico da região na década de 1980. Após a morte dele, a família passou a requisitar a área como espólio. Segundo um dos coordenadores estaduais do MST, Edson Bagnara, a ocupação tem como objetivo pressionar o Incra a destinar a fazenda para o assentamento de famílias acampadas na região, pois a área já pertence ao órgão.

O chefe da Divisão de Obtenção de Terras do Incra no Paraná, Geraldo Batista Martins, afirmou que, por ilegitimidade da concessão, o registro da antiga autorização de posse à família do médico foi cancelado administrativamente, por meio do Conselho Diretor do instituto em Brasília. "As matrículas já estão em nome do Incra e a propriedade será destinada para fins de reforma agrária se não surgir impedimento judicial", informou. Luiz Delazari, administrador da Fazenda Araçá, entrou com um pedido de reintegração de posse na 2ª Vara Cível de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná. A juíza Carina Daggio deve emitir uma decisão nesta semana. A Polícia Militar comunicou que aguardará a decisão judicial para definir qual medida será tomada.