Poucos familiares acompanharam o enterro do pedreiro Francisco Erasmo de Lima, 61, que foi tratado como herói após ter tentado resgatar uma mulher mantida como refém em frente à catedral da Sé nesta sexta-feira (4). Onze parentes compareceram à cerimônia simples que aconteceu na manhã deste domingo (6), no cemitério de Perus, na zona norte de São Paulo. Não houve velório.

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Atirador já havia sido preso e era conhecido na região central de SP

Frequentadores da Praça da Sé, na região central, afirmaram que Luiz Antonio da Silva, de 49 anos, causador do tiroteio que acabou em duas mortes na tarde de sábado, era morador da região da cracolândia e costumava circular pela Praça da Sé armado.

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As filhas Kawane Pereira, 18, e Juliane de Lima, 32, se despediram do pai através de uma janela de vidro no caixão fechado. “Já tinha dois anos que eu não o via porque moro em Ibitinga. Mas todo ano ele me ligava para desejar feliz aniversário”, conta Juliane.

As maiores demonstrações de afeto foram de Kawane, que estava muito abalada com a morte do pai. O outro filho, Erasmo, que ainda mantinha bastante contato com Francisco, não foi ao enterro. Segundo Juliane, ele é muito sensível e preferiu não comparecer porque ainda estava abalado.

De acordo com a ex-mulher de Francisco, Izabel Rodrigues, 58, ele já vivia há dez anos fora de casa. Os dois se separaram porque Francisco bebia muito. “Apesar disso, era um homem maravilhoso. Sempre foi um bom pai”, afirmou.

Ela conta que, após a morte de Danilo, um dos quatro filhos que tiveram juntos, também há cerca de dez anos, ela não o viu mais. Francisco foi enterrado no mesmo cemitério que o filho, que foi morto a tiros por um colega.

Algumas pessoas que acompanhavam outros enterros ou visitavam o túmulo de parentes também ofereceram condolências à família. “Poderia ter sido qualquer um de nós naquela situação de refém. Para mim, ele foi um herói”, diz a dona de casa Leila Cinque, 54, que depositou flores sobre o caixão de Francisco.

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Uma sobrinha de Francisco, Ione Gabriela, 19, conta que ele foi abandonado pelos pais quando era pequeno e criado por uma família adotiva em Pernambuco. Desde jovem, trabalhava como pedreiro. Recentemente, fazia bicos e morava em abrigos ou na rua.

Gabriela diz que ainda se encontrava com o tio com alguma frequência. “Ele sempre ia na minha casa e onde a Kawane mora. Era uma pessoa divertida sempre. Uma atitude valente acabou custando sua vida”, diz.

CRIMES

Izabel afirma que Francisco chegou a ficar dez dias preso em 1980, mas foi absolvido de uma acusação de homicídio. Segundo ela, ele bateu com uma garrafa de vidro na cabeça de um colega de trabalho, que acabou morrendo, durante uma discussão.

Já sobre uma acusação de receptação, em 2000, conta que ele comprou um carro roubado sem saber e também foi absolvido. “O Francisco nunca foi condenado, nunca foi para a cadeia”, disse.