O imigrante senegalês Cheikh Oumar Foutyou Diba, 25, incendiado por três homens enquanto dormia na calçada, recebeu alta da UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) na noite de sábado (12), em Santa Maria (a 251 km de Porto Alegre).
Diba dormia em um colchão na calçada quando acordou com o fogo e viu os homens correndo. Eles roubaram seus tênis, R$ 500 e uma maleta de bijuterias que seriam vendidas pelo senegalês. O crime ocorreu por volta das 9h de sábado.
Antes, ele tentou dormir no albergue municipal, mas foi proibido de entrar. Segundo a assistente social Miriane Correia da Silveira, 28, o homem foi barrado porque estava “muito alcoolizado”.
“É uma norma por medida de segurança para os demais acolhidos”, justificou a assistente. Segundo Silveira, nas sextas-feiras é muito comum que os albergados sejam barrados por consumo de entorpecentes. “A rua oferece essas alternativas”, disse.
Imigrante senegalês é incendiado enquanto dormia em calçada no RS
Cheikh Oumar Foutyou Diba, 25, teve queimaduras leves nas duas pernas e não corre risco de morte
Leia a matéria completaDiba, porém, contou a voluntários do grupo Migraidh (Direitos Humanos e Mobilidade Humana Internacional), da Universidade Federal de Santa Maria, que é muçulmano e não consome bebida alcoólica. O grupo acolheu o imigrante.
Para a estudante Marjana Almeida, 21, o senegalês não parecia estar alcoolizado. Almeida falou com Diba por cerca de 20 minutos na noite de sexta-feira (11). “Cruzei com ele na rua e ele me pediu ajuda. Eu orientei para que dormisse no abrigo e ele respondeu que não podia entrar, mas não soube explicar direito o porquê”, diz Almeida.
Preocupada, a jovem foi até o albergue para perguntar por que o homem havia sido barrado. “Me falaram que ele estava alcoolizado e discordei. Inclusive argumentei que era uma das noites mais frias do ano, fez 2ºC”, diz a estudante.
“Ele está muito abalado, com estresse pós-traumático. Vamos acompanhar a investigação e cobrar as providências do poder público”, diz a professora Giuliana Redin, 39, coordenadora do Migraidh.
O imigrante está na cidade há cinco dias e dormiu no albergue na quarta-feira (9) e na quinta-feira (10). Segundo os voluntários, ele não conhece os outros senegaleses da cidade e busca um emprego para poder enviar dinheiro à família que permanece no Senegal.
Assim que acordou com as chamas, Diba buscou socorro em uma padaria próxima. “Ele entrou e pediu um café. Mas estava gemendo muito e começou a chorar, daí contou o que aconteceu”, diz Dionéia Beck, 46, proprietária da padaria.
“A pele das pernas dele parecia que ia descolar. Começaram a aparecer bolhas. Demos remédio para dor, passamos pomada e chamamos ajuda”, diz Beck.
Segundo a empresária, o Samu negou socorro porque não se tratava de uma emergência. O homem foi atendido pela Brigada Militar (a PM gaúcha) e conduzido à emergência pelo Corpo de Bombeiros. “Não bastou roubar, tiveram que barbarizar”, afirma Beck.
Outra funcionária da padaria, Lidiane Silveira Rocha, 19, conta que Diba relatou que foram três homens os responsáveis pelo ataque. “Ele disse: ‘Meus amigos brasileiros me queimaram’“, afirma Rocha.
O Migraidh divulgou uma nota de apoio ao imigrante em que diz que “concentrará seus esforços no acompanhamento das investigações junto à autoridade competente, a fim de que os autores deste crime sejam legalmente responsabilizados, para que as correspondentes reparações sejam promovidas”.
A instituição também pede que “poderes públicos exerçam sua função de instituir os necessários mecanismos e espaços locais de apoio aos imigrantes e centros de acolhimento e proteção”.
A Polícia Federal investiga o caso, mas não tem nenhum suspeito.
De acordo com a polícia, o senegalês possui passaporte, está em situação legal no país e não se comunica bem em português, o que dificultou o registro dos detalhes da ocorrência.
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