O grupo de ensino Ser Educacional vai abrir novos cursos em áreas que estão entre as prioridades do governo para concessão de financiamentos pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Apesar disso e de ser vista por analistas do mercado como a companhia mais beneficiada com as recentes mudanças no programa do governo, a empresa espera reduzir sua exposição ao programa em meio ao cenário de restrição de vagas no financiamento.
A dona das faculdades Maurício de Nassau e Joaquim Nabuco anunciou nesta quinta-feira (2), em fato relevante, que obteve autorização do Ministério da Educação (MEC) para abrir 44 novos cursos, grande parte em áreas que estão no foco do programa de financiamento do governo como Saúde, Engenharias e Licenciaturas. A empresa ainda atua predominantemente no Norte e Nordeste, regiões que também passam a ser privilegiadas nos novos critérios do MEC.
“São cursos que seguem a tendência agora defendida pelo Ministério da Educação, mas já vínhamos pedindo autorização para essa linha de cursos há mais de um ano porque pesquisamos o mercado e identificamos que há demanda”, comenta Janguiê Diniz, fundador e presidente do Conselho de Administração do grupo. Dos cursos aprovados, 35% correspondem à área da saúde, 14% a engenharias, 7% a ciências humanas e sociais, 2% a licenciaturas e o restante é referente a graduações tecnológicas.
Nos cálculos de um grande banco, o Ser Educacional tem o maior porcentual de cursos que cumprem os principais critérios de prioridade no novo Fies: 87% ante 50% da maior competidora no setor de ensino superior, a Kroton.
Apesar disso, a empresa quer diminuir a exposição que tem hoje ao Fies, diz Diniz. A expectativa é chegar a ter apenas 20% do total de alunos da graduação presencial no Fies ante os mais de 40% ao final do ano passado. Uma razão está na limitação de renda e pontuação no Enem que passou a haver para o Fies, o que deixa de fora alunos potenciais para a companhia.
A empresa aposta nos programas de financiamento privado. O Ser Educacional tem um programa de financiamento próprio, chamado Educred, e também aderiu ao PraValer, da Ideal Invest. O ensino a distância também deve crescer no próximo ano, afirma Diniz. “Temos um projeto ambicioso”, comenta.
Expansão
O empresário destaca que a companhia vem investindo no crescimento orgânico e apostando em cidades de menor porte nos Estados onde já atua. Em capitais como o Recife, onde fica a sede da empresa, há centros universitários com autonomia para abrir cursos sem precisar de autorização. O desafio tem sido a abertura de novos cursos fora dos grandes centros.
Os cursos novos obtidos agora serão abertos em municípios como Parnaíba, no interior do Piauí, ou Lauro de Freitas, na Bahia. “São cidades em que inexistem centros universitários ou universidades e temos faculdades isoladas”, comenta Diniz.
A estratégia de aumentar a capilaridade em municípios menores do Norte e Nordeste foi a razão de a companhia ter anunciado esta semana a compra das Faculdade Talles de Mileto (Famil) por R$ 6 milhões. Apesar de ter apenas 350 alunos, a Famil se tornou uma aquisição interessante porque já tinha cursos credenciados na cidade de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, e também em Fortaleza. “Ganhamos dois anos porque já podemos matricular alunos em vez de esperar aprovações no MEC”, afirma Diniz.
Aquisições de maior porte, porém, não estão fora do radar. O Ser Educacional informou ontem que assinou um acordo de financiamento com a Internacional Finance Corporation (IFC). Os R$ 120 milhões serão utilizados para construção de novos campi, além de reforma e modernização de campi existentes e novas aquisições, informou a empresa.
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