O Brasil está entre os países que mais produzem e consomem carne no mundo. Temos o maior rebanho bovino comercial e somos o maior exportador de carne em toneladas. Segundo dados do Serviço de Informação da Carne (SIC), o país registra um consumo per capita de 40 quilos de carne bovina por ano, contra 30 quilos de carne de frango e 12 quilos de carne suína.
Ao mesmo tempo, cerca de 28% dos brasileiros têm procurado diminuir o seu consumo de carne, segundo um estudo da empresa de pesquisas Ipsos. Os motivos envolvem não só a saúde, mas também a preocupação com o meio ambiente. O boicote de grandes redes de supermercados à carne bovina proveniente de fazendas ilegais na Amazônia, por exemplo, chamou a atenção das pessoas para o desmatamento da floresta e a crueldade praticada com os animais durante o abate.
O designer Érico Almeida, 26 anos, e o engenheiro florestal Gustavo Gatti, 35 anos, fazem parte do time que mudou seus hábitos em nome do planeta. "Já faz três meses que não como frango e carne vermelha. Eu me sinto mais leve não só fisicamente. Fico feliz de estar contribuindo de alguma forma", conta Gustavo. Há quatro anos que o designer só abre exceções em datas especiais. "No aniversário da minha mãe, não resisti", confessa.
Já Gustavo, analista de projetos ambientais da Fundação O Boticário, diz que foi o trabalho que o convenceu a mudar de atitude. "Tenho acesso a muitas informações a respeito do prejuízo causado por alguns cultivos, inclusive a pecuária. Os números são assombrosos. Por isso, adotei a redução do consumo de carne como estratégia para conscientizar outras pessoas sobre o assunto", conta.
O engenheiro não abandonou os prazeres da carne por completo, mas a consome com responsabilidade. "Gosto de carne e não deixo de frequentar um bom churrasco. Mas sempre procuro conhecer a procedência da carne e dou preferência à carne orgânica", explica.
Maurício Dziedzic, professor do Mestrado de Gestão Ambiental da Universidade Positivo, explica que é possível transformar a pecuária em uma atividade mais sustentável e menos nociva à atmosfera. "Muitos produtores já optaram por alterar a dieta do gado para diminuir a emissão de gases de efeito estufa. O esterco dos animais também tem sido usado para gerar energia", enumera.
O especialista lembra que, se a ideia é contribuir para a preservação do meio ambiente, diminuir o consumo de carne não deve ser uma ação isolada. É preciso mudar o estilo de vida: usar meios de transporte menos poluentes, reciclar o lixo e evitar o desperdício devem igualmente fazer parte da rotina. "Também não adianta nada não comer carne num dia e comer o dobro no outro", alerta.
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