A Corregedoria da Polícia Civil abriu nesta segunda-feira (17) um inquérito policial para apurar a denúncia de privilégios na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, em Curitiba, para 13 policiais civis que estão detidos por se envolverem em crimes. No domingo (16), o telejornal Revista RPC, da RPC TV, exibiu uma reportagem que mostra os policiais presos cometendo uma série de irregularidades. Nas imagens eles aparecem utilizando celulares e até danificando carros apreendidos no pátio da delegacia, que deveriam ser preservados por serem provas de crimes.
Em entrevista ao telejornal ParanáTV, 1.ª edição, nesta segunda-feira (17), o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, afirmou que as investigações serão rigorosas e os responsáveis pelas irregularidades serão punidos. Delazari também reconheceu que os presos ficam de forma improvisada em delegacias, mas que a Furtos e Roubos de Veículos nunca teve rebelião ou apresentou problemas, até essa denúncia exibida pela RPC.
"As imagens comprovam que houve uma prática criminosa. Alguém ingressou com esses celulares dentro dessa delegacia e é um privilégio inconcebível, um absurdo. A sua indignação, a indignação do telespectador é a minha também. Determinei de imediato que fossem realizadas as apurações rigorosas", afirmou.
Segundo Delazari, os envolvidos no caso serão punidos. "Principalmente os responsáveis diretos. Aqueles que eram responsáveis pela segurança da carceragem no dia serão imediatamente afastados, submetidos a um rigoroso inquérito policial e, se comprovada a prática do crime, serão punidos", explicou.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (Sesp-PR), o Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), vai acompanhar as investigações feitas pela Corregedoria da Polícia Civil. "Espero que a apuração seja a mais severa e rápida o possível", definiu Delazari. O secretário disse que os presos ficam de forma improvisada em delegacias. "A delegacia deveria ser um local para onde o preso ficaria por pouquíssimos dias. Infelizmente, apesar dos investimentos do governo, o estado ainda sofre com a superlotação em delegacias", concluiu.
Irregularidades
As imagens da Revista RPC mostram que, para o banho de sol, os presos usam o mesmo pátio em que ficam os veículos apreendidos da delegacia. Como os carros ficam abertos, alguns detentos abrem as portas e entram, como se quisessem se esconder. E ali falam tranquilamente ao celular. A reportagem mostrou ainda que os presos não têm problemas para usar objetos cortantes durante o banho de sol. Em uma das imagens, dois deles compartilham uma faca para descascar frutas. E as irregularidades não se limitam à utilização de objetos proibidos. Em um dos flagrantes do telejornal, um dos presos aparece caminhando sobre um carro que está no pátio da delegacia.
Vistoria
Ainda na noite de domingo, policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil, estiveram na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos. De acordo com a Sesp, foi uma operação para tentar localizar aparelhos celulares dentro das celas. Os policiais passaram quase uma hora na delegacia, mas nenhum celular foi encontrado no local.
Identificação
Os policiais presos que aparecem nas imagens com celulares e cometendo outras irregularidades já foram identificados pela Sesp-PR. André Alves Sampaio, que aparece usando um celular com fone de ouvido, está preso por porte ilegal de armamento de uso restrito. Joraci Ramos que caminha em cima dos veículos - foi indiciado por roubo e formação de quadrilha. Antonio de Jesus de Lima, que foi flagrado dentro de um carro com os pés apoiados na porta, responde por tráfico de drogas.
Ediomar de Oliveira, que aparece retirando um espelho de um carro, responde por furto, formação de quadrilha, corrupção e violação de sigilo funcional. Ronie César Garcia que ficou encoberto pelas árvores enquanto atendia ao celular - responde por formação de quadrilha, corrupção e violação de sigilo funcional.
Antonio de Jesus de Lima já tinha sido removido na semana passada para o Complexo Médico Penal em Piraquara, na região metropolitana. Os outros continuam presos na carceragem da delegacia aguardando o final das investigações da Corregedoria. Ediomar, que nas imagens retira o espelho de um dos veículos apreendidos no pátio da delegacia, também vai responder por danos ao patrimônio. A investigação da Corregedoria tem 30 dias para concluir o inquérito policial.