Projeto Povo ainda está distante dos moradores, diz pesquisa
O Projeto Povo uma das principais bandeiras da política de segurança pública do governador Roberto Requião ainda está longe de atingir seus objetivos em Curitiba. Implementado há quatro anos, o objetivo do programa é aproximar a Polícia Militar da comunidade, fazendo com que os moradores de determinada localidade conheçam, saibam o nome e tenham os telefones dos policiais que atendem seu bairro ou região. De acordo com o levantamento da Paraná Pesquisas, seis entre dez curitibanos conhecem ou já ouviram falar do projeto, mas, mesmo dentre essa parcela da população, mais de 96% dos entrevistados afirmam não saber o nome dos responsáveis pelo policiamento na sua localidade.
A maioria dos moradores de Curitiba não confia plenamente no trabalho da polícia paranaense, sente-se inseguro ao andar pela cidade e dá uma nota que não passa dos 6,3 para o trabalho das polícias na capital do estado. Os dados fazem parte de um levantamento, encomendado pela Gazeta do Povo ao instituto Paraná Pesquisas, que ouviu mais de 600 moradores da capital na semana em que a Polícia Militar (PM) completou 153 anos e o secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, pediu demissão do Ministério Público (MP) para continuar à frente da pasta no governo.
Para o sociólogo e coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Bodê, embora tragam críticas ao policiamento em Curitiba, os números mostram que a insegurança do curitibano não está relacionada somente à insatisfação com as polícias Civil e Militar. "Sete em dez curitibanos afirmam estar inseguros, mas quatro entre dez não confiam na polícia. Isso mostra que outros fatores, como o acesso à justiça, saúde e educação, influem na percepção da segurança", afirma.
A pesquisa também mostra que os curitibanos sentem falta de mais policiamento nas ruas e de uma maior integração entre PM, Polícia Civil e Guarda Municipal. "A sensação é de que estamos desprotegidos. É isso que os números revelam", afirma o advogado e membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Dálio Zipin.
A sensação de estar desprotegida é conhecida da babá Gládis Peres Cavalcanti, de 55 anos. Há quatro anos, quando voltava de um dia inteiro de trabalho em uma cantina anexa a uma quadra de futebol, ela foi abordada por um rapaz que tentou lhe roubar a bolsa, a poucos metros do prédio onde mora. Gládis tentou segurar a bolsa e a reação irritou o assaltante. Ele lhe aplicou uma gravata, atravessou a rua com Gládis imobilizada e a espancou em um terreno baldio. Toda a cena durou cerca de 20 minutos, e, segundo a babá, ninguém tentou ajudá-la. "Rezei por uma viatura, por um carro que passasse ali e me visse apanhando", relata.
O assaltante foi embora e, minutos depois, Gládis foi socorrido pelo filho, que fora alertado de que "alguém" havia sido assaltado nas proximidades do prédio. Depois da agressão, Gládis afirma ter sido atendida com desdém pela polícia. "Demoraram para fazer o boletim de ocorrência e o delegado disse que era para eu ter morrido. Como pode isso? O normal então é a pessoa de bem ser assaltada e morta depois de um dia de trabalho?", questiona.
Na delegacia, Gládis foi informada que caso fossem localizados supeitos do crime, ela seria chamada para fazer o reconhecimento. Nunca mais ninguém ligou para ela da polícia. Gládis não sabe se o assaltante foi preso, mas ela, até hoje, convive com o medo de sair de casa. O serviço na cantina foi abandonado e a babá ganha a vida trabalhando dentro do próprio conjunto. "Se é para ir ao mercado, tenho medo", diz.
Os temores da população, expressos nos números, geraram reações, inclusive, entre partidários do governador Roberto Requião. O deputado estadual Mauro Moraes (PMDB), presidente da Comissão de Segurança da Assembléia Legislativa do Paraná, diz que devem ser adotadas medidas com urgência na segurança pública. "Ou corremos o risco de nos tornar uma capital muito violenta, cujos moradores se trancam em casa, enquanto os bandidos ficam à solta".
Para o deputado, porém, os policiais civis e militares não podem ser apontados como responsáveis únicos pela violência na cidade. "A polícia do Paraná é uma das melhores do Brasil, apesar das deficiências de equipamento e do efetivo escasso", ressalta.
Ao comentar a pesquisa, a secretaria da Segurança Pública (Sesp) afirmou estar contratando mais 700 policiais militares, 542 policiais civis e mais 35 agentes para a Polícia Científica. Com estes números, desde 2003, o governo do Paraná terá contratado cerca de 5.500 profissionais para a segurança pública do estado. A Sesp também afirma que nos últimos anos foram compradas cerca de 4.500 viaturas novas, mais de 11.800 novas armas e mais de 16.900 coletes balísticos.
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