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Guillain-Barré

Síndrome ligada ao zika vírus avança pelo continente americano

Estudantes de Pedagogia de Honduras fazem trabalho com alunos para conscientizar sobre o zika vírus e o Aedes aegypti | ORLANDO SIERRA/AFP
Estudantes de Pedagogia de Honduras fazem trabalho com alunos para conscientizar sobre o zika vírus e o Aedes aegypti (Foto: ORLANDO SIERRA/AFP)

A relação entre o zika e a síndrome de Guillain-Barré é mais evidente do que a observada até agora nos casos de microcefalia, disse nesta terça-feira (16) o diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) Marcos Espinal. Segundo ele, até agora, o único país das Américas a registrar a má-formação no cérebro de bebês é o Brasil. Se nos próximos meses não aparecem casos semelhantes em outras regiões, será preciso investigar outras razões para o problema.

“Se o zika provoca microcefalia, nós vamos começar a ver microcefalia na Colômbia em junho, porque o vírus chegou à Colômbia em outubro”, observou Espinal, que comanda o Departamento de Doenças Transmissíveis da Opas. “A evidência com Guillain-Barré é mais conclusiva. Há vários países com zika que estão relatando aumento da síndrome, como Brasil, El Salvador, Colômbia, Suriname, Venezuela e Polinésia Francesa.”

Espinal disse que é difícil estimar um prazo para a confirmação da relação causal entre zika e microcefalia, mas ressaltou que o quadro deverá ficar mais claro em abril, quando será divulgado um estudo de casos que está sendo feito no Brasil. Ainda que a situação seja menos conclusiva do que em relação à Guillain-Barré, ele observou que há evidências “muito sugestivas” apontando para o zika na origem da microcefalia.

Na hipótese de esse vínculo não se comprovar, será necessário investigar se a má-formação é provocada por outros vírus ou pela influência de produtos tóxicos e químicos, afirmou Espinal. De acordo com ele, o zika já está presente em 26 países e territórios das Américas. Apesar de o vírus estar se movendo na direção norte, os Estados Unidos ainda não tiveram casos autóctones da doença e Espinal não espera que o país experimente uma epidemia.

Em sua avaliação, a região ainda não viu o pico da doença, que deverá se espalhar para todos os países da América Latina e do Caribe.

Déficit de conhecimento

O diretor da Opas foi um dos participantes de seminário que reuniu nessa terça, 16, em Washington cientistas e médicos para discutir a epidemia de zika. Promovido pelo Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências, o encontro tinha o objetivo de identificar as prioridades de pesquisas e de ações de saúde pública no combate ao vírus.

Todos concordaram que há um déficit de conhecimento da comunidade científica em relação ao zika, vírus pouco estudado que esteve fora do radar das pesquisas até aparecer no Brasil, no ano passado. Desde sua descoberta, em 1947, até um surto na ilha de Yap, em 2007, haviam sido registrados apenas 14 casos da doença no mundo.

“O que provocou o recente aumento? Nós não sabemos. Tudo ainda é um mistério para nós”, disse Ronald Rosenberg, responsável por doenças infecciosas do Centro para Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês).

Em sua opinião, a prioridade para o Brasil é esclarecer a relação entre a doença e a má-formação do cérebro de bebês. “Todos os relatórios indicam que a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré aumentaram no mesmo período em que tivemos a epidemia de zika. Mas saber como essa conexão acontece é complexo”, observou.

Outra questão importante é o desenvolvimento de testes que permitam diagnóstico mais rápido e preciso da doença.

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