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A instalação do novo Sistema Integrado de Aproveitamento de Resíduos Sólidos (Sipar) será uma grande evolução na questão do tratamento de lixo no Brasil. Até o momento, poucas cidades brasileiras tentaram fugir dos aterros sanitários, aterros controlados ou lixões. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostravam, em 2002, um cenário desolador: 59% dos municípios destinavam seus resíduos para lixões, 17% para aterros controlados e 13% para aterros sanitários. Apenas 2,8% das cidades tinham programas de reciclagem.

As duas maiores cidades do país – São Paulo e Rio de Ja­­neiro – continuam apostando nos aterros sanitários. Projetos para dar novo tratamento ao lixo inexistem em ambas. A capital paulista gera 15 mil toneladas de lixo diariamente – quase oito vezes mais do que a produção de Curitiba e outros 18 municípios. Entre os cariocas, a quantidade de lixo é de 8 mil toneladas/dia. Essas montanhas de lixo – verdadeiro desperdício de dinheiro – são destinadas a aterros.

Na capital paranaense, apesar das dificuldades judiciais e inúmeros aumentos de capacidade do Aterro da Caximba, a possibilidade de implantação do Sipar pode criar um novo cenário nesse quesito. E, quem sabe, um modelo a ser seguido. "Existem projetos semelhantes no Brasil, experiências parciais. Mas nenhum que una várias tecnologias com a finalidade de dar máximo aproveitamento a to­­dos os resíduos", explica Marilza Oliveira Dias, coordenadora de resíduos sólidos da secretaria de Meio Ambiente. O projeto do Sipar prevê o reaproveitamento de 85% dos resíduos.

E as experiências europeias mostram que o planejamento é fundamental na questão. A Alemanha, por exemplo, investiu em um molde que aproveita os resíduos como matéria-prima para a geração de energia. Com isso, o país passou a im­­portar lixo da Itália para suprir a falta de matéria-prima. O país é um dos que menos ge­­ram resíduos por pessoa. No mesmo continente, contudo, o exemplo não bastou. A Inglaterra tem sérias dificuldades de destinação de lixo. E uma das formas encontradas – mesmo que "politicamente incorreta" – foi enviar esses resíduos a outros países.

O Brasil é um desses destinos. Nos últimos meses, em vários portos brasileiros, fiscais se assustaram ao encontrar contêineres recheados de lixo inglês. Lixo idêntico ao brasileiro. Ou ao alemão.

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