A Embrapa Monitoramento por Satélite, com sede em Campinas (SP), desenvolveu nos últimos nove meses um sistema que facilita o controle da aftosa nas fronteiras do Brasil. O programa de computador tem fotos que permitem a observação de áreas de 10 metros quadrados numa faixa de 50 quilômetros entre os países vizinhos 25 quilômetros para cada lado. O primeiro lote de dados já foi entregue para os estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso e deve ser repassado hoje para o Mato Grosso do Sul. Os estados do Sul Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul , no entanto, foram excluídos do programa.
O chefe da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo de Miranda, afirma que a empresa levantou a situação primeiro dos estados do Centro-Oeste e do Norte a pedido da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). Os dois órgãos são vinculados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ele diz que o Paraná será atendido numa segunda fase do programa.
A SDA alega que faltaram recursos para desenvolver o sistema nos estados do Sul. Até agora foram investidos cerca de R$ 1,5 milhão e não há mais verbas reservadas, afirma o assessor especial de Gabinete da SDA, Carlos Magno Campos da Rocha. Segundo ele, apesar do repasse de informações para o Centro-Oeste e o Norte já ter começado, o sistema de monitoramento ainda será concluído nos próximos meses. Rocha diz que o sistema que atenderá o Paraná será iniciado no ano que vem.
Para o chefe da Embrapa Monitoramento por Satélite, há razões para a preocupação com a região que vai do Acre ao Mato Grosso do Sul. "O sistema é um instrumento a mais de controle das fronteiras menos povoadas. O controle dessas fronteiras é bem mais difícil", argumenta.
Quando o programa foi anunciado, em fevereiro, a fronteira com a Argentina estava incluída no levantamento de dados. No entanto, a primeira fase abrange apenas as fronteiras com Peru, Bolívia e Paraguai.
As fotos oferecidas a prefeituras e órgãos de controle sanitário são de aproximadamente seis meses atrás. Elas mostram vias que podem servir de porta de entrada para o gado de países vizinhos e, com isso, permitem o direcionamento da fiscalização. Em Japorã (MS), por exemplo, foram identificadas mais de 40 acessos ao Paraguai.
A segunda fase do projeto, que promete beneficiar os estados do Sul, depende de uma nova solicitação da Secretaria de Defesa Agropecuária. A Embrapa Monitoramento por Satélite adianta que a idéia é criar um sistema com fotos mais detalhadas, que permitam a observação de espaços de 2,5 metros quadrados. Isso porque a topografia da região é mais complexa e as propriedades rurais são menores. Em áreas povoadas, fotos de 10 metros quadrados seriam insuficientes.