O presidente do Conselho Mediúnico do Brasil (Cebras), Dorival Simões, foi solto da carceragem da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (Dedc) no início da noite de quinta-feira (21). Ele estava preso desde terça (19) por suspeita de envolvimento em um esquema de golpes em clientes de tarologia em Curitiba. Simões foi solto, segundo a polícia, por não haver mais necessidade de que fique detido para a sequência das investigações, mas deve ser indiciado.
Segundo o delegado Marcelo Lemos de Oliveira, titular do Dedc, ainda não está clara qual seria a participação do suspeito no caso. "Aparentemente, ele não é um dos principais operadores, e a identificação no vídeo sugere uma relação indireta com o crime", explicou Oliveira, se referindo às imagens em que Simões é citado.
A reportagem tentou entrevistar um dos advogados de defesa de Simões, mas não conseguiu contato na tarde desta sexta-feira.
No final da tarde, a 8ª Vara Criminal de Curitiba, aceitou o pedido de prisão preventiva do casal Danielle Gaich Nicolitz e Carlos Eduardo Yovanovich Junior. Dessa forma, eles ficarão detidos por tempo indeterminado enquanto durarem as investigações. A informação foi confirmada pela emissora RPC TV.
Entenda o caso
Em fevereiro deste ano, uma mulher procurou a taróloga Danielle Gaich Nicolitz para tentar resolver problemas de relacionamentos de seu filho. Junto com o marido, a sogra e o sogro, Danielle conseguiu da vítima R$ 381 mil, pagos na intenção de que os serviços espirituais se concretizassem. A suspeita teria pedido ainda mais R$ 54 mil para finalizar o serviço, dinheiro este que não chegou a ser entregue.
De acordo com a Dedc, a vítima filmou boa parte do suposto golpe, que aconteceu em várias sessões ao longo de quatro meses, e encaminhou os vídeos à emissora RPC TV, que entrou em contato com a polícia. A maior quantia paga a Danielle um valor de R$ 180 mil foi em frente à Igreja dos Passarinhos, no Bigorrilho. O restante foi dado à vidente na sua própria casa.
Segundo a delegacia, a promessa da quadrilha era de que todo o dinheiro pago seria devolvido no dia 2 de Novembro, Dia de Finados, e que, por isso, seria uma data simbólica para a devolução. "Especialmente esse caso, de que o dinheiro seria devolvido e não foi, caracterizou-se como estelionato", explicou Oliveira.
Ainda conforme o delegado, para justificar o paradeiro da quantia tomada da vítima, Danielle teria dito que todo valor estava guardado em uma entidade espiritual de Santos, no Litoral de São Paulo, que não existe. E para explicar a devolução do dinheiro de acordo com o prometido, a taróloga pediu para que o presidente do Cebras, Dorival Simões, confirmasse o paradeiro do valor.
O presidente também teria explicado a necessidade do pagamento de mais R$ 54 mil para que os serviços fossem finalizados. "Ele tinha sim conhecimento do que estava sendo feito, mas não sabemos se ele recebeu dinheiro por isso", disse Oliveira.
Até o início de dezembro, a polícia estima que ouvirá mais de 30 supostas vítimas da quadrilha, que pode ter mais membros envolvidos. Na última quinta (21), a investigação calculou que apenas as pessoas já interrogadas teriam perdido, juntas, um valor superior a R$ 1 milhão para a vidente.
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