Cadu, de olhos arregalados, balança a cabeça e diz que sim, foi ele
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O jovem Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, de 24 anos,suspeito de matar o cartunista Glauco Villas Boas e o filho Raoni Villas Boas, teria passado três dias escondido no mato, em São Paulo, antes de roubar um carro na capital paulista e se dirigir para o Foz do Iguaçu, no Paraná, onde tentou atravessar a Ponte da Amizade. A informação é da Polícia Federal (PF) de Foz do Iguaçu, que interrogou Cadu, como é conhecido o suspeito.
Cadu foi preso no fim da noite de domingo (14), após tentar furar um bloqueio da Ponte da Amizade, fronteira entre o Brasil e o Paraguai, e ter atirado contra policiais. Segundo a PF, o jovem teria furado um bloqueio da Polícia Rodoviária Federal em Santa Terezinha. Os agentes anotaram a placa do veículo e informaram ao posto da PF na Ponte da Amizade. O carro teria sido roubado na Vila Sônia, Zona Sul de São Paulo, no domingo pela manhã. Antes, no sábado (13) à noite, Cadu teria feito uma ligação para a viúva de Glauco. Um rastreamento foi feito e a ligação teria sido feita de Cotia, na Grande São Paulo.
Ao chegar na fronteira com o Paraguai, Cadu teria se assustado com o bloqueio do lado brasileiro e do lado paraguaio, onde estava a marinha do país vizinho. Uma perseguição foi iniciada. Ao receber ordem para parar, Cadu teria reagido e atirado nos policiais. Segundo a polícia, ele atirou seis vezes. Ao passar pelo posto da Alfândega brasileira, ele voltou a atirar, acertando um agente federal no braço. O policial não corre risco de morrer. O estudante foi preso no meio da ponte.
Confissão
Em vídeo, Cadu admite ter matado o cartunista. Logo após ser preso em Foz do Iguaçu, uma equipe de reportagem da TV Globo perguntou ao jovem se foi ele quem matou o cartunista. O suspeito balança a cabeça confirmando a pergunta da repórter e, por fim, diz "Foi". A Polícia Federal havia informado anteriormente que o jovem admitiu ter matado Glauco e Raoni.
Transferência
A transferência de Cadu para São Paulo ainda depende de um pedido da Polícia Civil paulista à Justiça Federal no Paraná e pode ocorrer a qualquer momento. "Da nossa parte não há nenhum impedimento para que ele seja transferido e as investigações continuem lá [em São Paulo]", disse o delegado Josiel Iegas, da Polícia Federal (PF) em Foz do Iguaçu.
Além da possibilidade do pedido de transferência, Cadu pode ser interrogado por carta precatório ou até mesmo agentes da Polícia Civil de Osasco se deslocarem até o Paraná para ouvi-lo.
Segundo Iegas, por questões de segurança, Cadu está na carceragem da PF numa cela em separado. "Não temos certeza da sanidade mental dele", comentou Iegas.
No Paraná, Cadu será indiciado por tentativa de homicídio, por porte ilegal de amra e por estar em um veículo roubado. O processo deverá correr na Justiça Federal em Foz do Iguaçu.
Iegas disse ainda que o jovem teria iniciado os disparos quando percebeu que do lado paraguaio da Ponte da Amizade havia um bloqueio da marinha do país vizinho, o que dificultaria sua fuga. "Apesar do número de disparos que ele fez, só um policial atingido, que passa bem".
Antes da transferência para São Paulo, o estudante pode ser levado para a Cadeia Pública de Foz do Iguaçu ou para o Presídio Federal de Catanduvas. Segundo a PF, Cadu tentava deixar sozinho o país em um carro roubado em São Paulo. Policiais rodoviários em um posto da rodovia PR 227 anotaram as placas do carro e descobriram que era roubado.
O crime
Glauco e seu filho Raoni foram mortos a tiros durante a madrugada de sexta, na residência do cartunista, em Osasco, na Grande São Paulo. No local, também funciona a Igreja Céu de Maria, seguidora do Santo Daime, da qual as vítimas eram adeptas. Cadu, o suspeito, também chegou a frequentar os cultos e era conhecido da família do cartunista.
Segundo testemunhas, o jovem matou Glauco e Raoni após uma discussão. O rapaz, que faz tratamento contra dependência química, teria entrado armado na residência de Glauco. Após o crime, ele teria fugido em um carro Gol cinza, guiado por Felipe Iasi, 23 anos.
De acordo com o advogado de Iasi, Cássio Paulette, o jovem, que se apresentou no Setor de Investigações Gerais (SIG) da Delegacia Seccional de Osasco neste domingo (14), teria sido rendido e obrigado por Cadu a levá-lo até a casa das vítimas em Osasco.
Ele teria ligado momentos antes para o jovem e o convidado para se encontrarem, "um programa normal de jovens, sair para conversar e beber", na noite de sexta, segundo o advogado.
"Felipe recebeu um telefonema e foi apanhar Cadu em sua residência. Ele entrou no veículo, apontou uma arma e o obrigou a levá-lo até a casa das vítimas", contou Paulette.
A versão é contestada por Beatriz Galvão, viúva do cartunista. "Me dava a impressão que ele (Felipe) não estava também muito normal, porque ele estava com o olho muito arregalado, sabe?", diz Beatriz. "Enquanto o Cadu fazia toda essa barbaridade, ele ficou sentado no sofá. Eu falei ajuda, ajuda por favor. Ele falou (faz que não com a cabeça)", conta ela. "Após o assassinato, ele levou o Cadu embora dentro do carro dele".
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