As pessoas que ficarem feridas em confrontos armados com a Polícia Militar (PM) no Paraná serão atendidas pelo Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate). A medida foi anunciada nesta segunda-feira (14), pelo governador Roberto Requião (PMDB), durante a reunião Mãos Limpas. Na madrugada da última sexta-feira (11), cinco jovens morreram após trocarem tiros com PMS no bairro Alto da Glória, em Curitiba.
Na ocasião, após a troca de tiros, os próprios policiais colocaram os jovens feridos nos carros da PM e os levaram para o Hospital Cajuru. Os cinco chegaram mortos ao local. Com o novo protocolo, assinado nesta segunda-feira, o atendimento e o encaminhamento dos criminosos vítimas de trocas de tiros com a polícia serão feitos pelo Siate aos hospitais.
"Quando houver confronto de policiais com marginais, os policiais não poderão mais recolher as vítimas e levá-las para os hospitais. Isso era feito para dar mais agilidade no atendimento, só que esta é uma tarefa do Siate. Estamos mudando esses procedimentos para que a sociedade tenha a garantia que a nossa polícia é firme, mas não é violenta. Não aceitamos excessos", disse o governador ao site de notícias oficiais do governo. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (Sesp), a medida será colocada em prática nos próximos dias.
O secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, afirmou que mesmo que a intenção dos policiais seja socorrer os feridos o mais rápido possível, o atendimento acabava alterando a cena do confronto e era inadequado. "Como o prazo de atendimento do Siate hoje é muito rápido, este atendimento será feito pelos nossos paramédicos que são especializados. Esta é uma maneira de estabelecer o protocolo de atuação e ainda preservar a cena do crime para que sejam investigadas as circunstâncias da morte", explicou ao site do governo.
Investigação
De acordo com a Sesp, em todos os confrontos entre policiais e bandidos os PMs são afastados das funções até que sejam apuradas as circunstâncias em que os tiros aconteceram. Na sexta-feira (11) foi aberto um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar a conduta dos policias na ação que terminou na morte dos cinco suspeitos em Curitiba. A investigação tem 40 dias de prazo para ser encerrada e será acompanhada pelo Ministério Público do Paraná (MP).
Apesar de ter inicialmente 40 dias de prazo, o IPM pode ser prorrogado por mais 20, caso o Comando de Policiamento da Capital julgue necessário. "É importante dizer que o Ministério Público tem comparecido em todas as ocorrências onde há com confronto com óbito. É dado testemunho pessoal a mim e ao comandante da PM. Estamos com um sistema de controle muito rígido e o objetivo é sempre melhorar", definiu Delazari.
Outros casos
Durante este ano a PM também teve outros casos de troca de tiros contra suspeitos. No mês de maio, uma tentativa de resgate no Fórum de São José dos Pinhais, na região metropolitana, terminou com a morte de William Lopez Clausen. No mês de junho, um rapaz acusado de praticar uma série de roubos em mercados de Curitiba e região trocou tiros com a polícia. Ele chegou a ser encaminhado ao Hospital Cajuru, mas não resistiu e morreu.
No dia 9 de abril, quatro homens foram mortos durante uma troca de tiros com a PM, após terem cometido um assalto no Jardim Social. No mesmo mês, manifestantes realizaram um protesto pela morte do repositor de supermercado Diogo Chote, de 24 anos, que foi atingido por quatro disparos. Na época, policiais afirmaram que houve uma troca de tiros.
Em março, seis homens de um mesmo grupo criminoso foram mortos pela PM, em três confrontos sucessivos em Colombo. No final do mês de fevereiro, um suspeito de assalto também reagiu a tiros a uma ação policial e foi morto.
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