Diferentemente da constatação dos ilhéus, representantes de órgãos ambientais responsáveis pela administração das ilhas afirmam que a população vem crescendo nos últimos dez anos. Eles apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostram aumentos populacionais na Ilha do Mel e em Guaraqueçaba. Em 2000 a população de Guaraqueçaba era de 8,2 mil moradores. Em 2005, uma previsão do órgão apontava para 8,6 mil. Já a Ilha do Mel passou de 515 moradores na década de 90 para os atuais 910.
Segundo os ambientalistas, as reservas de seqüestro de carbono não entram em conflito com a população nativa. Para o professor de Ciências Ambientais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), José Milton Andreguetto, os interesses se completam: as ONGs que atuam nas ilhas promovem projetos de inclusão e consciência do desenvolvimento sustentável.
A diretora do Parque Nacional de Superagüi, Selma Cristina Ribeiro, é outra adepta da conciliação dos interesses caiçaras e ambientais. Ela acredita que a população nativa não existiria mais caso não houvesse a proteção ambiental. "Eles estão aprendendo a ganhar com o turismo dentro da legislação", afirma. Em Superagüi, um grupo de mulheres aprendeu a bordar camisetas e a confeccionar fantoches de mico-leão-da-cara-preta e o papagaio-da-cara-roxa, espécies em extinção que ainda se encontram na ilha, para vender aos turistas.
A Sociedade de Proteção da Vida Selvagem (SPVS), uma das ONGs que atuam em Guaraqueçaba, afirma que seus projetos desenvolvidos na região geram empregos e contribuem com a manutenção do abastecimento de água. A entidade aposta no associativismo e promove cursos de capacitação para alternativas de geração de renda, como a produção e comercialização de banana orgânica.
A SPVS atua em aproximadamente 19 mil hectares de áreas florestais em Guaraqueçaba, mantendo áreas naturais preservadas e regenerando as regiões degradadas. A General Motors, a Chevron Texaco e American Electric Power são três das maiores indústrias poluidoras mundiais e mantêm reservas ambientais nas ilhas, por meio da SPVS. Juntas, as empresas vão investir R$ 18,9 milhões até 2040 nessas áreas.
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