A secretaria de administração Penitenciária de São Paulo informou que Suzane von Richthofen foi para a ala de Progressão Penitenciária de Tremembé nesta quarta-feira. Condenada a 38 anos e seis meses de prisão pelo assassinato dos pais Manfred e Marísia, em 2002, a jovem foi beneficiada com o regime semiaberto na última quinta (22).
Segundo o defendor público Ruy Freire Ribeiro Neto, que atende a jovem, ela, porém, não sairá da unidade, onde já cumpriu 13 anos da pena. Ele explicou que não há oferta de emprego para sua cliente atuar fora de Tremembé durante o dia. Suzane seguirá trabalhando como costureira na oficina da Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap), agora na ala de semiaberto, e dormirá no novo pavilhão inaugurado este ano para atender as mulheres que estão nesse regime. Daniel Cravinhos, então namorado de Suzane à época do crime, e o irmão dele, Cristian, que ajudou a executar o plano, já cumprem o regime semiaberto desde 2013.
“Sair, mesmo, só por uns quatro ou cinco dias, e no Natal. Suzane não manifestou vontade de trabalhar fora do presídio. Na verdade, o que irá acontecer é que ela irá para um grande galpão, sem grade e com beliches, onde hoje já dormem 25 mulheres. Atualmente, ela está numa cela bem menor, com 16 detentas”, descreve Freire.
Ainda de acordo com o defensor público, Suzane está muito feliz com a mudança, e seu comportamento no presídio vem se destacando. “Ele é tido como excelente”, afirma. “Sua grande vontade agora é ver o irmão, Andreas Richthofen , mas ele não quer”, diz Freire.
Na última quinta-feira, 22, a 5ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou o pedido da defesa de Suzane de progressão de regime. Em agosto de 2014, ela recusou-se a ir para o semiaberto. Na ocasião, a detenta temia por sua segurança numa possível transferência de presídio.
Um mês após a recusa, Suzane dispensou o advogado Denivaldo Barni e procurou a Justiça para informar que abria mão da herança da família. Ela disse, na época, que não se sentia segura com a atuação de seu defensor, tanto no aspecto judicial quanto pessoal. A detenta afirmou à Justiça que pretendia se reaproximar do irmão, Andreas, que nunca mais falou com ela. O interesse pelo patrimônio da família era apontado como motivo do crime.
O recurso de sua defesa pedia anulação de decisão da Vara de Execuções Criminais de Taubaté, que havia revogado o regime semiaberto. Os advogados que atendem Suzane alegaram que a cliente Suzane se manifestou sem assistência jurídica técnica. Foi pedido ainda que a progressão datasse da primeira concessão do benefício, em agosto de 2014, mas a justiça não atendeu.
“Não há como se deferir a almejada progressão com os efeitos retroativos por dois motivos: a agravante declarou que não havia autorizado seu advogado constituído a pleitear a progressão de regime, bem como pela inexistência de previsão legal, devendo iniciar-se o cômputo do novo lapso temporal para a progressão a regime menos gravosos a partir da efetiva concessão da progressão do regime”, disse o relator do caso, desembargador José Damião Pinheiro Machado Cogan.
Apesar da afirmativa de Freire de que Suzane sairá para o semiaberto, a assessoria de imprensa da Defensoria Pública de São Paulo informou, por nota, que desconhece a data de início de cumprimento deste regime. A secretaria de administração Penitenciária do Estado de São Paulo também não confirmou a informação.
Companheira
Em março deste ano, a namorada de Suzane, Sandra Regina Ruiz Gomes, conhecida como Sandrão, foi transferida para o regime semiaberto e deixou a penitenciária feminina de Tremembé, onde as duas viviam juntas numa área destinada a casais. Segundo Freire, elas não mais se viram e Suzane jamais manifestou vontade de cumprir o regime semiaberto no mesmo local da companheira.
Beneficiada por ter cumprido parte da pena, Sandra Regina foi para um Centro de Ressocialização Feminino em São José dos Campos. Condenada a 24 anos de prisão por sequestro seguido de morte, a detenta já havia cumprido pena no mesmo presídio em 2010.
Suzane e Sandrão se casaram em setembro de 2014. Até então, Sandra Regina era a companheira de Elize Matsunaga, acusada pela morte e esquartejamento do marido, Marcos Matsunaga, executivo da Yoki, e Suzane vivia na ala destinada às evangélicas.
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