Brasília No dia em que representantes dos familiares das vítimas do vôo 3054 foram a Brasília para cobrar mais transparência sobre as investigações do caso, o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, garantiu que serão gastos US$ 1,5 bilhão (R$ 2,7 bilhões) em indenizações. Três parentes de passageiros mortos na tragédia entregaram ontem um manifesto ao presidente Lula e aos membros das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) sobre o Apagão Aéreo na Câmara e no Senado. A principal preocupação deles era que, em caso de comprovação da culpa dos pilotos, a apólice do seguro não fosse paga. "Nada muda de acordo com os motivos que provocaram o acidente", afirmou Bologna, durante depoimento à CPI na Câmara, pela manhã. "Nosso principal receio, por esse bombardeio contra o piloto, era que algo pudesse estar por trás disso", afirmou o assessor parlamentar, Raifran Almeida, que perdeu o irmão, a cunhada e a sobrinha.
O administrador Luiz Fernando Moysés, cuja esposa morreu no acidente, pediu aos parlamentares que as informações levantadas pelas comissões fossem repassadas com mais clareza às famílias. Ele lamentou a preocupação da CPI da Câmara em dar prioridade ao conteúdo da caixa-preta de voz e não à de dados. "Nós queremos saber dos motivos técnicos que levaram ao acidente, não dos gritos da tripulação." Por outro lado, ele elogiou a postura do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-RS). O petista recebeu ontem por 40 minutos os representantes de parentes das vítimas.
Luiz Fernando era marido da advogada Nádia Moysés, 32 anos. Ela estava viajando para dar uma palestra sobre precatórios em São Paulo. O corpo de Nádia e dos três parentes de Almeida estão entre os que ainda não foram reconhecidos pelo Instituto Médico Legal.
"Desde o acidente que eu não passo pela minha empresa, são os funcionários que estão tocando. Tenho agora que encerrar um ciclo, conseguir enterrar a minha mulher", explicou. De Brasília, ele retornou com Almeida para a capital paulista, no hotel em que familiares de vítimas aguardam pelo reconhecimento dos corpos.
No manifesto eles pedem "uma investigação completa e transparente que resulte na verificação das causas, na identificação dos responsáveis, e posterior encaminhamento desta ao Ministério Público para instauração de processo cabível, julgamento e punição de todos os responsáveis". O material lamenta ainda a falta de ação do governo federal para solucionar a crise aérea.
"Transcorridos menos de 10 meses da última tragédia que chocou e deixou o país em luto, nos deparamos com o mesmo sentimento e constatamos que pouco ou nada foi feito pelos órgãos competentes, para a solução dos problemas, a fim de evitar novas tragédias anunciadas e o sofrimento de tantas famílias."