| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Um grupo de cientistas do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está introduzindo no Brasil uma técnica inovadora, desenvolvida nos Estados Unidos, para detectar células cerebrais com câncer durante cirurgias. O método, que usa um espectrômetro de massas para fazer o diagnóstico molecular do câncer, será aplicado em um hospital de Campinas para detectar as células cancerosas durante cirurgias no cérebro de crianças.

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“A técnica deverá aumentar a precisão nas cirurgias e reduzir o risco de mortes e sequelas, além de acelerar o processo de recuperação dos pacientes”, disse Marcos Eberlin, do Laboratório ThoMSon de Espectrometria de Massas, da Unicamp.

O procedimento convencional para operar câncer no cérebro consiste em retirar amostras de tecido (biópsia) e analisar sua morfologia no microscópio, para verificar se há tumor. “Mas, muitas vezes, a forma e aparência do tecido geram dúvidas, o que em geral leva o cirurgião a remover fragmentos que não precisavam ser retirados.”

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Com a nova técnica, o tecido colhido na biópsia é analisado em um espectrômetro de massas, identificando quimicamente as células cancerosas. Esse diagnóstico molecular funciona como um “escaneamento químico”. “Passando uma sonda sobre os fragmentos de tecido, obtemos na tela do computador uma imagem colorida que mostra com nitidez a superfície exata a ser removida.”

Aplicação

Os pesquisadores testaram a técnica no Centro Infantil Boldrini, de Campinas, e conseguiram classificar e mapear tumores cerebrais em amostras de tecidos de crianças e adolescentes. Depois de verificar o sucesso da técnica, o centro adquiriu um espectrômetro de massas que será usado para o diagnóstico molecular em tempo real durante as cirurgias.

A nova técnica começou a ser elaborada há quatro anos, quando a filha de Eberlin, a química Lívia Eberlin, fazia seu doutorado na Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, no laboratório de Graham Cooks, considerado um dos maiores especialistas do mundo em espectrometria de massas. A pesquisadora testou o método pela primeira vez em um laboratório da Escola de Medicina da Universidade Harvard.

“Ela foi a primeira pessoa a levar um espectrômetro de massas para dentro de uma sala de cirurgia”, disse Eberlin.

Segundo o cientista, o espectrômetro de massas que será adquirido para o Centro Infantil Boldrini será comprado com recursos do Ministério da Saúde. “Não estamos descartando o patologista. Não é o químico que faz o diagnóstico. Só estamos dando a eles uma nova ferramenta”, afirmou Eberlin.

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