Os técnicos das universidades federais no Paraná vão seguir a determinação do comando nacional da greve da categoria e não vão fazer a matrícula dos alunos que conseguiram vagas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O sistema do Ministério da Educação é usado por instituições públicas de ensino superior para oferecer vagas a estudantes que fizeram o Enem em 2014.
No Paraná, o Sinditest representa técnicos da UFPR, UTFPR e da Unila. João Carlos de Assis, um dos diretores da entidade, diz que a maioria dos campus dessas instituições não haverá matrículas. Ele recomenda que os alunos que tenham que fazer viagens longas liguem nas sedes em que conseguiram as vagas para não perderem a viagem. “Nossa greve está ganhando corpo com o passar do tempo, mas o governo ainda não apresentou nenhuma proposta. Na próxima semana vamos fazer um grande ato de rua”, diz.
Os sindicatos de servidores de outras universidades federais pelo país afirmam que também irão seguir a orientação da federação nacional da categoria e deverão boicotar as matrículas do Sisu. Nos dias 19, 22 e 23 de junho está previsto que os estudantes classificados devem levar os documentos e garantir a vaga, mas um protesto dos servidores vai adiar o processo. A manifestação ocorre como uma tentativa de forçar o governo federal a apresentar uma proposta aos servidores. A greve já dura 20 dias e até o momento não houve qualquer mesa de negociação.
Confirmaram adesão ao boicote, além das universidades do Paraná, as federais do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e de Pernambuco. O movimento também vai atingir, no Rio de Janeiro, as quatro universidades federais: UFRJ, UFF, Unirio (federal do Estado) e UFRRJ (federal rural).
Reivindicações
O boicote foi recomendado a todas as universidades federais em greve no país pelo Comando Nacional de Greve da Fasubra-Sindical (Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras). As quatro cariocas decidiram seguir a recomendação em assembleias locais na última terça (16). A categoria reivindica reajuste de 27,3% no piso salarial, é contra os cortes no orçamento das universidades e a terceirização de serviços como limpeza e segurança.
Outro lado
O MEC informou que “ao participarem do Sisu, as instituições têm que assegurar o direito do estudante à matrícula. Ou seja, o estudante não pode ser prejudicado”. Segundo o ministério, situação semelhante ocorrida em edição anterior foi resolvida pela UFRJ com matrícula on-line dos estudantes selecionados, com comprovação documental posterior. “Cabe lembrar ainda que a lei determina que 30% dos funcionários têm que trabalhar durante a greve. A instituição precisa garantir isso”, diz a pasta.