Em silêncio até agora sobre o massacre no presídio Anísio Jobim, em Manaus, que deixou 56 mortos entre domingo e segunda-feira, o presidente Michel Temer fará nesta quinta-feira (5) uma reunião ministerial para discutir a situação das prisões no país. O massacre é o segundo maior em presídios na história do Brasil. Enquanto o Papa Francisco manifestou tristeza com as mortes, o governador do Amazonas, José Melo (PROS), disse que não há nenhum “santo” entre as vítimas da chacina.
Devem ir ao Palácio do Planalto os ministros Alexandre de Moraes (Justiça), Raul Jungmann (Defesa), Grace Mendonça (Advocacia-Geral da União), José Serra (Relações Exteriores), Dyogo Oliveira (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e Torquato Jardim (Transparência). O grupo é denominado “núcleo institucional”, e não era convocado havia meses.
No Planalto, busca-se minimizar o fato de Temer não ter se manifestado oficialmente. Um auxiliar disse que não há necessidade de o presidente fazer declarações sobre o caso, porque ele delegou ao ministro da Justiça a missão de cuidar dos desdobramentos da rebelião. A justificativa é que o ministério se manifesta pela presidência. Outro assessor afirmou que seria prejudicial levar a crise para o Palácio do Planalto.
“O presidente não tem que se manifestar sobre tudo. Ele deu ao ministro da Justiça a missão de acompanhar, no local, o que houve e o que pode ser feito. A manifestação do presidente são as ações que ele está tomando”, disse esse auxiliar do presidente, citando que, no fim do ano passado, o governo liberou R$ 1,2 bilhão do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) para que os estados investissem na melhora da infraestrutura das prisões. Para o Amazonas, foram liberados R$ 44 milhões.
Entretanto, no último domingo, quando 12 pessoas foram mortas em Campinas por um auxiliar de laboratório, que matou o próprio filho e se matou em seguida, Temer usou o Twitter para se solidarizar às famílias das vítimas. “Lamentamos profundamente as mortes ocorridas em Campinas, Manifestamos nosso pesar junto às famílias. Que 2017 seja um ano de mais paz!”, postou o presidente.
Desta vez, Temer não fez declarações. Somente o massacre do Carandiru, em São Paulo, em 1992, supera o do presídio de Manaus em número de mortos.
Nesta quarta (4), Temer recebeu Alexandre de Moraes fora da agenda oficial. O ministro da Justiça tratou do caso com o presidente. No entanto, os possíveis encaminhamentos só deverão ser tomados na reunião de hoje.
Desde que assumiu o Planalto, há oito meses, Temer costuma se manifestar por notas oficiais após mortes. Isso aconteceu nos últimos três meses, por exemplo, após o acidente com o time da Chapecoense, a morte do arcebispo emérito de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns e do ex-presidente e ex-primeiro-ministro israelense Shimon Peres. Apesar do silêncio sobre o massacre em Manaus, Temer foi ativo no Twitter: só nesta quinta, foram cerca de 15 mensagens publicadas.
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