Hora de brincar
Neste dia das crianças, experimente brincar com os filhos e deixar a programação sob a responsabilidade deles. Pergunte primeiro o que ele gostaria de fazer. Muitas vezes os adultos subestimam a criatividade das crianças. Para quem ainda estiver em dúvida, seguem algumas dicas:
- Busque resgatar com seu filho algumas brincadeiras que você fazia quando tinha a idade dele. As crianças ficam entretidas só de ouvir essas histórias.
- Ao sair para fazer uma atividade, também procure contar como você era quando criança. Se for tomar sorvete, por exemplo, conte quais seus sabores e doces preferidos.
- Faça atividades ao ar livre. Vá ao parque ou zoológico, leve uma corda, bolinhas de gude e brinque de pega-pega.
- Proponha alguma atividade divertida, como brincar com água ou fazer pintura com as mãos.
- Leia e brinque de contar histórias. Crie um teatro ou se vista como as personagens.
- Invente um brinquedo, podem ser usadas sucatas e até brinquedos antigos e quebrados.
- Ajude a montar e organizar coleções de objetos, como moedas ou selos.
Harmonia em casa
Para ter um bom relacionamento com os filhos:
- Reserve um tempo diário para o convívio com seu filho. Desligue televisão e celular e converse com ele, pergunte sobre o dia, atividades na escola, novos amigos, etc.
- Tenha consciência de que uma criança precisa de atenção e carinho e é dever dos pais fazerem isso.
- Dialogue muito. O que é combinado se torna menos traumático.
- Saiba que ficar com seu filho também será prazeroso para você. Além disso, crianças mais bem acolhidas são mais imunes a doenças como depressão, obesidade, aprendem melhor e se tornam adultos mais pacíficos.
Para saber mais: Na livraria: Brincar é preciso, de Marilena Flores Martins. Editora Evoluir, R$ 32. A mãe minuto, de Spencer Johnson. Editora Record, R$ 24,90. O pai minuto, de Spencer Johnson. Editora Record, R$ 24,90. Na internet: www.ipadireitodebrincar.org.br
Neste Dia das Crianças, os pais de Nicolas, 5 anos, e Sofia, 3, decidiram dar aos dois um presente diferente: a convivência mais próxima. Sem se preocupar em comprar os tradicionais brinquedos, o casal Maurício e Nadine Ziesemer vai dedicar todo o tempo do feriado aos pequenos. Os quatro programaram atividades como cozinhar juntos e brincar muito.
A escolha do casal condiz com o discurso de especialistas. Para eles, estabelecer um vínculo profundo com os filhos e destinar parte do tempo a eles é mais importante do que a aquisição de objetos. A convivência familiar possibilita que os meninos e meninas tenham um bom desenvolvimento nas áreas cognitiva, emocional e social. E quando isso não ocorre o resultado é baixa autoestima e possíveis problemas na escola.
Muitos pais sofrem com a correria cotidiana que envolve o mercado de trabalho e afazeres domésticos. As mulheres particularmente acabam sobrecarregadas e chegam a ter três jornadas de trabalho diárias: emprego, casa e filhos. No final do dia, sobra pouca energia para dedicar aos pequenos. Especialistas alertam que é preciso estabelecer uma rotina diária de vínculo com o filho. A atenção a eles não pode ser semanal. "Os pais têm de estar dispostos e saber que têm de ser espelho. A rotina depois da maternidade nunca mais é a mesma", afirma a terapeuta sistêmica e familiar Eneida Ludgero.
Nadine Ziesemer, 34 anos, enfermeira, sofreu com esse dilema. Até o fim do ano passado ela atuava como professora universitária e tinha sobrecarga de trabalho. Em 2010 ela resolveu trocar de emprego para poder ficar no período da tarde em casa com Nicolas e Sofia, que vão para a escola de manhã. A mudança foi difícil para Nadine, já que tinha uma carreira estável, mas ela não se arrepende. "Os filhos são grandes presentes. Minha experiência significou perdas no âmbito profissional, mas ganhos no familiar. Consegui encontrar um equilíbrio", garante.
Maurício apoiou a decisão. O casal precisou abrir mão de alguns itens do consumo familiar, mas, segundo a enfermeira, há mais qualidade de vida. "Faltava disposição, havia muita preocupação. No trabalho pensava como estavam cuidando deles. Era bastante estressante, vivia cansada, preocupada e culpada."
Com a mudança, a mãe está mais perto dos filhos e conseguiu estabelecer regras mais rígidas na rotina. Antes elas eram flexibilizadas devido ao sentimento de culpa de Nadine. "Percebi uma mudança grande em relação ao comportamento deles. Hoje sei que estão absorvendo os meus valores. Tornei-me um exemplo." As crianças estão mais disciplinadas, mudaram o comportamento na escola e o aprendizado ocorre com mais facilidade. "A gente imagina que será tudo igual após a gravidez. Os pais amadurecem juntos, aprendem a ter mais paciência e desenvolvem o afeto", diz.
Neste ano os filhos de Nadine ganharão uma colcha para a cama e vão passar o feriadão fazendo atividades divertidas com os pais. "Estamos programando ir a parques, cozinhar juntos e brincar no jardim", diz. "Cada família tem uma dinâmica diferente. Percebi que na minha, precisava dar mais atenção aos meus filhos porque o modelo anterior não estava funcionando."
Presença
Especialistas são unânimes em afirmar que, além do presente, o mais importante é a participação dos pais. Mas o que importa não é a quantidade de tempo e sim a qualidade. É saudável que os pais mantenham a própria rotina, trabalhem, façam atividades fora, contudo sem deixar de lado os meninos e meninas. "É importante entender que o ser humano é relacional, forma-se na relação com o outro. Toda a noção de existência de vida da criança é formada assim", explica Eneida.
A psicóloga e professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) Cynthia Borges de Moura explica que o impacto da falta dos pais é grande. "Quando a família substitui a convivência pelo presente, ensina que é possível substituir afeto por coisas, impactando o desenvolvimento emocional do filho."
Eneida afirma que, quando pais não têm tempo, a criança tende a ter o mundo voltado para si. "Há uma sensação de abandono, de não ser importante ou estar fazendo algo errado." A psicóloga diz que, muitas vezes, o que é pequeno para o adulto tem um significado imenso para criança. "São dessas lembranças que ela se recordará no futuro."
A presidente da Associação Brasileira pelo Direto de Brincar (IPA Brasil), Marilena Flores Martins,diz que brincar é a maneira como os meninos e meninas se comunicam com o mundo. "É essencial para corpo, mente e alma." Ela explica que quando este momento de interação ocorre entre pais e filhos há uma cumplicidade. "É fundamental para a construção positiva da criança. O melhor brinquedo é um adulto disposto a brincar", argumenta.
Lição de casa
Na escola, os professores percebem as crianças que têm ou não apoio dos pais em casa. "O filho sem suporte tem de resolver tudo sozinho. O caminho fica mais cheio de curvas", afirma a orientadora educacional do Colégio Positivo, Maria Fernanda Suss. Ela explica que meninos e meninas que têm auxílio dos pais na hora da lição de casa, por exemplo, fixam melhor o conteúdo. "Com a presença da família, a importância da escola se confirma."
Mas seja para ajudar no dever ou brincar, é importante os pais não fazerem nada forçado, explica Cynthia. Eles também precisam estar bem-dispostos para oferecer a atenção que os filhos merecem. "Às vezes é preciso negociar, dizer que está cansado e que depois vai brincar. É importante que o adulto se refaça para estar bem na hora da convivência. Isso ajuda também a colocar limites."
Interatividade
Como você estabelece uma relação mais próxima do seu filho: brincando ou presenteando?
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