As usinas termoelétricas não poderiam ser usadas para compensar a falta de fornecimento de energia durante o apagão que atingiu 18 estados do país na noite de terça-feira (10). É o que explicam os especialistas ouvidos pelo portal G1, que ressaltam que as termoelétricas são mais usadas para suprir a baixa produção das hidrelétricas em momentos de estiagem.
"As termoelétricas não funcionam como back up, por exemplo. Elas existem para reforçar o sistema de geração de energia em um ano com poucas chuvas e impedir um apagão por falta de água nos reservatórios. Servem para complementar o fornecimento da energia elétrica das fontes hidráulicas", explicou o professor Roberto Brandão, pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O professor do departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília Ivan Camargo ressalta que, quando os reservatórios estão baixos, as termoelétricas são usadas para que se gaste menos água. "Mas, evidentemente, elas gastam muito mais combustível e, depois, o consumidor tem que pagar por ele. Neste ano, pagamos com reajustes tarifários", diz.
Os especialistas afirmam que o uso das termoelétricas é programado. As usinas demoram certo tempo até produzir e transmitir a energia. Como houve uma pane no sistema de transmissão de energia, segundo o Ministério de Minas e Energia, mesmo que as termoelétricas tivessem capacidade de suprir a demanda do Brasil, elas não poderiam ser acionadas enquanto o sistema de transmissão não fosse restabelecido.
"Neste ano de 2009, o consumo de energia caiu em relação ao ano passado por causa da crise mundial. Choveu e nossos reservatórios estão cheios. Provavelmente, estamos fazendo a geração totalmente hidrelétrica de energia. Se cai a conexão de repente, o operador não consegue colocar automaticamente as termoelétricas para operar. Precisa de tempo para aquecer e funcionar", explica Camargo.
Sistema de emergência
Quedas nas linhas de energia acontecem com frequência, porém o consumidor raramente é afetado.
"O sistema é dimensionado para, em caso de falha de um equipamento, a energia ser redirecionada para outro sistema com capacidade de aguentar. Normalmente, quando cai um raio em uma linha de transmissão, nós não somos afetados porque a energia passa por outro lugar", afirma Brandão.
"O sistema trabalha com número maior de linhas. Essas linhas são menos carregadas do que o podem suportar. O sistema tem redundância, então, pode perder uma linha porque as outras continuam trabalhando. O problema foi perder três linhas de transmissão", diz o professor da UnB.
Para os especialistas, uma das hipóteses para o problema foi um evento climático, como um vendaval ou chuva forte que pudessem ter derrubado uma torre. Porém, o sistema também pode estar mal planejado e a queda de uma linha causou o problema nas outras duas.
Existe ainda um sistema de emergência para alívio de carga. Quando parte da geração de energia é perdida, o sistema para de abastecer alguns locais predeterminados, para que a geração continue equilibrada e não ocorra perda total do sistema.
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