| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

No ano passado, a Terra registrou as temperaturas mais altas dos tempos modernos pelo terceiro ano consecutivo, disseram cientistas americanos nesta quarta-feira (18), gerando novas preocupações sobre o ritmo acelerado das mudanças climáticas.

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As temperaturas estabeleceram novos recordes nacionais em partes da Índia, Kuwait e Irã, enquanto o gelo marinho derreteu mais rápido do que nunca no frágil Ártico, disse o relatório da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA).

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Considerando a média global das temperaturas nas superfícies terrestre e oceânica durante todo o ano, a NOAA descobriu que os dados de “2016 foram os mais altos desde que início dos registros, em 1880”.

A temperatura média global no ano passado foi 0,94 graus Celsius acima da média do século XX, e 0,04º C mais alta do que em 2015, o recordista anterior, de acordo com a NOAA.

Uma análise separada da agência espacial americana, a Nasa, também revelou que 2016 foi o ano mais quente já registrado.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM), em Genebra, na Suíça, confirmou as descobertas dos Estados Unidos, e observou que as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono e de metano atingiram níveis recorde.

O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, disse que “2016 foi um ano extremo para o clima global, e se destaca como o ano mais quente já registrado”.

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Tendência de alta

Cada um dos primeiros oito meses do ano “teve temperaturas recordes para seus respectivos meses”, disse a NOAA.

A principal razão para o aumento das temperaturas é a queima de combustíveis fósseis, como petróleo e gás, que emite dióxido de carbono, metano e outros poluentes conhecidos como gases de efeito estufa na atmosfera e aquece o planeta.

Os impactos crescentes da industrialização no equilíbrio natural da Terra se tornam cada vez mais evidentes nos registros.

“Desde o início do século XXI, o recorde de temperatura global anual foi quebrado cinco vezes (2005, 2010, 2014, 2015 e 2016)”, disse a NOAA.

Outro fator é a tendência de aquecimento do Oceano Pacífico, formando o El Niño, que os especialistas dizem que aumenta o calor já em alta do planeta.

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O episódio mais recente do El Niño se tornou particularmente forte em 2015, e diminuiu de intensidade aproximadamente no meio de 2016.

Mas o El Niño foi responsável por apenas uma pequena fração do calor do ano passado, de acordo com Peter Stott, diretor em exercício do Centro Hadley, do Reino Unido.

“O principal contribuinte para o aquecimento nos últimos 150 anos é a influência humana no clima pelo aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera”, disse.

Piers Forster, diretor do Centro Internacional Priestley para o Clima da Universidade de Leeds, concorda com esse ponto de vista.

“Mesmo se você remover o aquecimento adicional atribuído ao El Niño, 2016 foi o ano mais quente já registrado”, disse Forster, observando que “2017 provavelmente será mais frio”, mas que acredita que “o recorde será quebrado novamente dentro de alguns anos”.

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Perigos

Anos extraordinariamente quentes causam estragos no planeta ao aumentarem as chuvas fortes em algumas partes do mundo, enquanto provocam seca em outras, prejudicando as colheitas.

Peixes e aves devem migrar para mais longe do que nunca para encontrar temperaturas adequadas.

Doenças podem se propagar mais rapidamente em oceanos mais quentes, afetando a vida marinha e matando corais.

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As geleiras e as calotas polares derretem, levando ao aumento do nível do mar, que eventualmente acabará submergindo muitas das comunidades costeiras do planeta, onde vivem cerca de um bilhão de pessoas.

Especialistas dizem que a única solução é reduzir a nossa dependência dos combustíveis fósseis, em favor de energias renováveis, como a eólica e a solar.

“As mudanças climáticas são um dos grandes desafios do século XXI, e não mostram sinais de desaceleração”, afirmou Mark Maslin, professor de climatologia da University College London.

“A descarbonização da economia global é o objetivo final para prevenir os piores efeitos das mudanças climáticas”, acrescentou.