Cuiabá A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público (MP) decidiram convocar para depor os tesoureiros das campanhas do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva e do senador Aloízio Mercante (PT-SP) ao governo de São Paulo, respectivamente, José de Filippi Júnior e José Giácomo Baccarin. Filippi Júnior e Baccarin terão de explicar as movimentação dos recursos de campanha e as retiradas de altas quantias nos dias que antecederam a apreensão do R$ 1,7 milhão supostamente destinado à compra do dossiê Vedoin.
Análises periciais da PF observaram compatibilidade entre os valores movimentados nas duas campanhas com o montante do dinheiro apreendido com o advogado Gedimar Passos e o empresário Valdebran Padilha, em 15 de setembro, num hotel na capital paulista.
Na véspera da prisão de Passos e Padilha, o circuito interno do hotel flagrou o então coordenador de Comunicação da campanha de Mercadante, Hamílton Lacerda, chegando ao hotel com uma mala.
Filippi Júnior é prefeito de Diadema, no Grande ABC (SP), e licenciou-se para cuidar da coordenação financeira da campanha de Lula. Em São Paulo, em setembro, ele disse que recebia pressões de empresários para receber doações via caixa 2, mas alegou que resistiu ao assédio.
O depoimento de Filippi Júnior ainda não tem data marcada. Suplente do senador do PT de São Paulo, Baccarin será chamado primeiro. Eles podem ser ouvidos por precatória, em São Paulo, ou em Cuiabá, onde o inquérito está aforado.
A PF e o MP trabalham com a hipótese de que boa parte do dinheiro da compra do dossiê, que se destinava, supostamente, a prejudicar candidaturas tucanas, veio dos dois comitês. Falta verificar se a origem é criminosa, decorrente de caixa 2, ou se provém de doações legais declaradas. "É preciso tirar essas dúvidas a limpo", disse um delegado com acesso às investigações, que estão sob sigilo de Justiça.
Ontem, a PF e o MP começaram a analisar o laudo do Instituto de Nacional de Criminalística sobre as cédulas de dólares (US$ 248,8 mil) e de reais (R$ 1,16 milhão) apreendidas com a dupla. As investigações acharam vestígios de dinheiro das duas campanhas, mas que precisam ser aprofundadas.
Para que não paire dúvida, o MP quer que a investigação se estenda aos diretórios do PT em todos os estados. Quer também que se investigue a suspeita de que parte do dinheiro de caixa 2 teria circulado pelas empresas do ex-assessor especial da Secretaria Particular da Presidência Freud Godoy, citado por Passos, em depoimento, como quem o autorizou a negociar o dossiê com o empresário Luiz Antônio Vedoin, acusado de ser o chefe da máfia dos sanguessugas.
Caso a suspeita de uso de dinheiro ilegal na compra do dossiê seja confirmada, pode haver conseqüência para Lula e Mercadante. A Lei Eleitoral em vigor torna o candidato e não só o tesoureiro responsável jurídico por uso de caixa 2.
O cerco sobre a origem do dinheiro da compra do dossiê deixou nervosos membros da cúpula do PT. O deputado Ricardo Berzoini despachou para Cuiabá o advogado, Fernando Tibúrcio Penha. Ele disse que Berzoini nada tem a ver com a trama do dossiê e que foi o maior prejudicado no caso.
À tarde, foi a vez do advogado Marcelo Turbay, que defende o churrasqueiro Jorge Lorenzetti, outro envolvido na trama do dossiê, comparecer à Superintendência da PF para dar explicações.
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