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 | Foto: Diogo Moreira/ A2 FOTOGRAFIA/Fotos Públicas
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A bala que atingiu e matou o menino Ítalo de Jesus Siqueira, de dez anos, após perseguição policial em São Paulo, saiu da pistola utilizada pelo agente que pilotava uma motocicleta na ação. A informação foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública. No último dia 2, a criança estava dirigindo um carro furtado, foi baleada e morreu na hora. Um outro garoto de 11 anos que estava com Ítalo no veículo foi detido, sem oferecer qualquer resistência, segundo os policiais.

No dia da perseguição, os policiais disseram que encontraram um revólver calibre 38 com Ítalo, e que a criança disparou contra os agentes com o carro parado, após perder o controle e bater em um ônibus e um caminhão. Num primeiro depoimento aos policiais, o menino de 11 anos que sobreviveu confirmou a versão. Horas após, porém, o garoto contou que os disparos foram dados por Ítalo durante a perseguição, e não com o veículo parado, mas mudou a versão novamente e, à Corregedoria da PM, ele contou que Ítalo não estava armado.

Em nota, a SSP informa que os inquéritos policiais militar e civil que apuram o caso estão em andamento. O órgão confirma ainda que “o laudo do exame balístico concluiu que saiu da pistola utilizada pelo policial que pilotava a motocicleta o projétil encontrado no corpo do garoto que morreu”.

O advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), lembrou que ainda “faltam provas mais substanciais de que não houve confronto algum e que Ítalo não tinha arma nenhuma”. Prima do menino, Bianca de Jesus, de 19 anos, diz que a família respira mais aliviada. “A gente já sabia desde o começo.”

PMs envolvidos na morte estão trabalhando na Corregedoria

Os seis policiais militares investigados por participação na morte de um menino de 10 anos com um tiro na cabeça, no dia 2, estão trabalhando na Corregedoria da Polícia Militar, órgão encarregado de investigá-los, em procedimento paralelo ao conduzido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

A Secretaria de Estado da Segurança Pública não deu detalhes sobre o motivo de envio para atuação na Corregedoria, onde os policiais prestarão serviços administrativos. Os homens estão lotados no 16º Batalhão da PM, que atende a zona oeste e parte da sul, e começaram a trabalhar lá na última segunda-feira (13).

O ouvidor das Polícias do Estado, Julio César Fernandes, achou “surpreendente” a decisão de pôr os policiais investigados para dar expediente no órgão que os investiga. “É surpreendente que eles, que são a peça da investigação, sejam levados para a Corregedoria. A PM tem os procedimentos dela, e ela costuma agir dentro do regulamento”, afirmou.

O caso

O menino de 10 anos foi morto dentro de um carro furtado, na Vila Andrade, na zona sul da capital. Os policiais sustentam que a criança atirou contra eles enquanto fugia. Laudo pericial mostrou que as mãos do garoto continham rastros de pólvora, mas a luva que ele supostamente usava, não.

Outro menino que participava da ação, de 11 anos, parceiro do garoto morto, disse, no terceiro depoimento prestado, ter sido agredido e ameaçado antes de gravar um vídeo reforçando essa versão. Em outro depoimento, afirmou que o colega estava desarmado. A testemunha e sua família entraram no Programa de Proteção à Criança e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM).

Laudo divulgado na terça-feira pela Secretaria da Segurança confirmou que o projétil que acertou a criança na cabeça saiu da arma de um dos policiais militares. O advogado Marcos Manteiga, que os representa, não foi localizado para comentar o resultado na terça-feira.

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