Nota da Centronic
No fim da tarde desta quinta-feira (18), a empresa Centronic emitiu uma nota em que nega "que seja orientação da empresa agredir pichadores". Segundo o texto, a política do estabelecimento é prestar serviços de segurança e vigilância "com respeito às leis e à vida humana."
"A empresa está disposta a apurar as denúncias que identifiquem os profissionais responsáveis por ordenar eventuais atos de violência contrários à nossa política. Quando identificados, estes profissionais serão investigados e, se efetivamente deram as referidas orientações, serão imediatamente desligados da empresa e responsabilizados na forma da lei", termina o texto.
A Império Alviverde, torcida organizada do Coritiba, programa para a tarde deste sábado (20), em Curitiba, uma caminhada de protesto pelo assassinato do torcedor Bruno Strobel Coelho Santos, de 19 anos, filho do jornalista e cronista esportivo Vinicius Coelho. O rapaz foi morto com dois tiros na cabeça e três vigilantes da empresa Centronic Segurança e Vigilância Ltda confessaram o crime.
A intenção da torcida é seguir a partir das 14 horas da sede da Império (Rua Mauá, 425), no Alto da Glória), até a matriz da empresa Centronic (Rua José de Alencar, 711), no Alto da XV.
"Depois de ouvir vários depoimentos de ex-funcionários da empresa de segurança Centronic relatando que os responsáveis pela empresa eram coniventes com as sessões de torturas praticadas no pátio da mesma, decidimos realizar uma caminhada pacífica de protesto neste sábado", afirmou o presidente da Império Alviverde, Luiz Fernando Corrêa, no site da torcida.
Depoimentos
Um dos jovens que aparecem com o corpo pintado de tinta, em uma gravação no celular do vigilante Marlon Balem Janke, 30 anos, principal suspeito de ter dado o tiro na cabeça do estudante Bruno Strobel, presta depoimento na tarde desta sexta-feira (19), na delegacia de Almirante Tamandaré, na região metropolitana.
Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), o jovem tem 20 anos e foi acompanhado do pai prestar depoimento. No vídeo gravado no celular do vigilante, dois jovens são humilhados, têm os corpos pintados com tinta e são obrigados a tirar a roupa, na frente de pelo menos outras quatro pessoas.
O pai do rapaz só ficou sabendo da agressão após ver as imagens divulgadas na imprensa, quando foi solucionada a morte do estudante Bruno Strobel.
Denúncias
Um dia após a prisão dos vigilantes, várias outras denúncias começaram a aparecer. Segundo o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região(SindVigilantes), João Soares, o fato que resultou na morte do estudante não foi um fato isolado.
Outras torturas teriam sido cometidas por vigilantes da Centronic. "Para a nossa surpresa ficamos sabendo que isso é uma determinação da própria empresa. Vários funcionários ligaram hoje (quinta-feira) para o sindicato e denunciaram esse tipo de conduta. A orientação é para prender os indivíduos, levar para a empresa, dar um corretivo e depois soltá-los", afirmou João Soares.
As denúncias foram encaminhadas para a Polícia Federal (PF), que tem a competência de fiscalizar o setor. Na manhã desta sexta, agentes da PF estiveram na sede da empresa, no Alto da XV para recolher material e levá-los à delegacia do órgão capital.
Em entrevista ao telejornal ParanáTV, cujo vídeo pode ser conferido acima, um funcionário da empresa e um ex-funcionário, que preferiram não se identificar, confirmaram que a prática é comum e que a ordem é da própria Centronic. "Se pegar alguém fazendo vandalismo é para bater. A ordem é bater, não encaminhar para a polícia, porque a polícia não iria resolver o caso. Dar um corretivo mesmo. A ordem é essa, vem da chefia", disse o funcionário. O ex-funcionário informou que a prática se tornou freqüente na empresa há dois meses.
Investigação
Um registro de tortura foi flagrado no celular do vigilante Marlon Balem Janke, 30 anos, principal suspeito de ter dado o tiro na cabeça do estudante Bruno Strobel. No telefone aparece a gravação de dois jovens que são humilhados na frente de outras quatro pessoas.
Os jovens aparecem com os corpos pintados e são obrigados a tirar as roupas. Segundo o delegado-titular de Almirante Tamandaré, Jairo Amodio Estorílio, os três vigilantes presos na quarta-feira (17) confessaram a participação na morte de Bruno Strobel. O estudante foi flagrado pichando uma clínica no bairro Alto da XV, em Curitiba.
O estabelecimento conta com a segurança da Centronic e quando o alarme tocou os vigilantes foram ao local. Segundo a polícia, os acusados levaram o rapaz à força até a sede da empresa, torturam o estudante e em seguida o levaram para Almirante Tamandaré, onde Bruno Strobel foi assassinado com um tiro na nuca. Na sede da Centronic, os vigilantes jogaram a tinta do spray contra o estudante para humilhá-lo.
Acusados
Estão presos Marlon Balem Janke, 30 anos, suspeito de ser o autor do disparo que matou o estudante, Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues, 26, e Eliandro Luiz Marconcini, 25. Os três teriam confessado o assassinato do estudante. Também continua preso o operador de monitor Emerson Carlos Roika, 34, por porte ilegal de arma. Com ele a polícia apreendeu uma pistola 380 raspada, sem identificação.
Três revólveres 38 da empresa foram apreendidos, todos em postos de serviço (guaritas) da Centronic. O delegado Estorílio afirmou que iria analisar o pedido de prisão preventiva contra outros dois funcionários da Centronic, que também estavam na empresa no dia da tortura contra o estudante Bruno. As prisões preventivas seriam do supervisor de monitor, Ricardo Cordeiro Reysel, 32, e do operador de monitor Leônidas Leonel de Souza, 28.
O delegado, porém, afirmou que por enquanto não pedirá a prisão dos dois funcionários. "Por enquanto não vejo a necessidade de prisão preventiva. Eles têm residência fixa e estão colaborando nos depoimentos. O Emerson (Carlos Roika) continua preso por porte ilegal de armas, mas não será indiciado por tortura", explicou Estorílio.
Estorílio afirmou que tem o prazo até o dia 26 deste mês para mandar o inquérito policial para o judiciário. O delegado explicou que o caso está praticamente elucidado. "Ficou a dúvida de quem atirou no Bruno, mas 90% das chances apontam que foi o Marlon. Chegamos a essa conclusão após o depoimento dos três vigilantes. Vamos estabelecer a medida de participação de cada um deles no crime, mas os três também vão responder por tortura", explicou. "Agora é uma questão de coletar o maior número de provas o possível para comprovar os fatos", definiu o delegado.
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