Os problemas de infraestrutura do IML são antigos. "O Instituto Médico-Legal e o Instituto de Criminalística são órgãos que ficaram esquecidos e não têm a importância que merecem. Não temos peritos nem funcionários suficientes", admitiu o atual secretário estadual de Segurança Pública do Paraná, Aramis Linhares Serpa.
As reclamações de usuários fazem coro com as dos funcionários, submetidos a uma rotina sem condições adequadas de trabalho. Denúncias indicam que as geladeiras continuam com problemas e a câmara fria teria corpos empilhados por falta de espaço. Segundo uma funcionária, que não quis ser identificada, há excesso de corpos que ainda não passaram pela perícia ou que não foram requeridos pelos familiares. O prazo legal para liberação é de 40 dias. O proprietário de uma funerária de Curitiba diz o mesmo.
Agentes funerários que circulam pelo Instituto comentam que não há geladeiras suficientes para a demanda. Nos fins de semana, o IML recebe até 30 novos corpos. Quando não há espaço, a solução é deixar os cadáveres em uma sala sem refrigeração. "A população aumentou e o IML continua com a mesma estrutura", diz. Para dar conta da demanda, a solução seria construir um novo prédio. As obras foram prometidas em meados do ano passado, mas não saíram do papel ainda.
Nas 16 unidades do Paraná há 46 auxiliares de necropsia e 40 médicos-legistas. Funcionários ligados à diretoria informam que seriam necessários, ao menos, mais 40 médicos-legistas.
No último dia 27, a reportagem da Gazeta do Povo entrou no Instituto. Naquele dia, o IML estava com 78 corpos guardados em duas geladeiras e uma câmara fria, além de três que estavam para ser liberados. Havia 16 vagas disponíveis.