A facilidade no financiamento de veículos novos está incrementando o tráfico de drogas no Brasil. A picape Corsa "recheada" de maconha que explodiu enquanto era abastecida com gás natural, em Londrina, Norte do Paraná, no último domingo, é um exemplo disso. Os traficantes aproveitam os juros baixos e prestações em até 72 meses para adquirir veículos para o tráfico. A afirmação é do delegado Michael Rocha França Araújo, da Divisão de Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil.

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Segundo Araújo, o quadro que as Polícias vêm enfrentando é bem diferente do de alguns anos atrás, quando a maioria dos veículos apreendidos transportando drogas era composta por carros velhos. "Com a facilidade de financiamento, agora o traficante prefere comprar um veículo novo, geralmente em nome de um laranja, e vai pagando as parcelas – cujos valores são pequenos - até o carro ser apreendido. Ou nem paga. Se for pego, ele compra outro", explica.

Só o Denarc foi responsável pela apreensão de 10 veículos utilizados no tráfico, este ano, na região de Londrina. A Polícia Federal tem outros cinco veículos e uma moto apreendidos em operações no mesmo período, em sua área de atuação, na região de Londrina.

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Segundo o delegado-chefe da Polícia Federal, Evaristo Kuceki, os carros de passeio e aviões são os transporte mais utilizados pelos traficantes. "Com um carro pequeno, pode-se levar cerca de 100 quilos de droga. Se for pego, o prejuízo para o traficante não é grande porque o carro geralmente é financiado e a quantidade de droga é pequena. A apreensão de um caminhão é muito mais onerosa. No ano passado, apreendemos um ônibus que transportava duas toneladas e isto representou um enorme prejuízo para o tráfico", explica.

De acordo os delegados, os métodos para esconder a droga nos veículos também estão ficando cada vez mais sofisticados. No caso da picape Corsa, por exemplo, o esconderijo da droga no cilindro de gás natural foi bem planejado. "A solda foi bem feita, com uma divisão que não permitia que, se alguém olhasse lá dentro, percebesse que tinha algo ali", afirma Kuceki.

População precisa denunciar

As polícias reconhecem que precisam da ajuda da população, com denúncias, para apreenderem as drogas. "As denúncias são responsáveis por 50% das apreensões", diz o delegado federal Evaristo Kuceki. Mas, segundo o delegado da Denarc, Michael Rocha França Araújo, apenas isto não basta. "Em cima de cada denúncia é feita uma investigação minuciosa para que possamos agir corretamente. A denúncia, pura e simples, não leva à prisão", afirma. Os dois também reconhecem que o número de apreensões é pequeno comparado à quantidade de veículos com drogas que transitam pelas estradas da região, que é rota de passagem dos países produtores para os grandes centros consumidores.