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Acidente

Trecho de nova ciclovia desaba na zona sul do Rio e dois morrem

O trecho da ciclovia da Avenida Niemeyer que desabou tem cerca de 50 metros. | Reprodução/Globo News
O trecho da ciclovia da Avenida Niemeyer que desabou tem cerca de 50 metros. (Foto: Reprodução/Globo News)

Duas pessoas morreram nesta quinta-feira (21), segundo confirmou o Corpo de Bombeiros, no desabamento de um trecho da recém-inaugurada ciclovia da Avenida Niemeyer, na zona sul do Rio de Janeiro. Uma terceira pessoa teria caído com a queda da estrutura e está desaparecida. Uma das vítimas que morreram foi identificada Eduardo Marinho Albuquerque, um engenheiro de 54 anos.

De acordo com informações das equipes no local, um dos corpos foi localizado pelos bombeiros no local do acidente. O outro corpo foi encontrado na praia de São Conrado, próximo ao local. Lanchas, motos aquáticas, helicópteros foram mobilizadas para os trabalhos de buscas de mais vítimas.

Batizada de Tim Maia, a ciclovia fica entre a pista da Niemeyer e um penhasco, acima do mar. Faz a conexão entre a praia do Leblon e a orla do bairro de São Conrado, ambos na zona sul da cidade. A ciclovia foi inaugurada em 17 de janeiro passado. O trecho que desabou tem cerca de 50 metros. A ideia da prefeitura é ligar o centro da cidade a Grumari, na zona oeste, por ciclovias que beiram a orla até a Olimpíada, em agosto.

A ciclovia da Niemeyer foi construída a um custo de R$ 44,7 milhões, como parte das obras de melhorias na cidade para os Jogos Olímpicos 2016. Com 3,9 km, o trecho veio somar aos 435 km de malha de ciclovias que o Rio tinha até então. A gestão Eduardo Paes (PMDB) quer chegar a 450 km até os Jogos.

Ressaca

Segundo ciclistas que trafegavam no local, o mar estava com uma forte ressaca, com ondas altas e violentas, atingindo a ciclovia e também a Avenida Niemeyer. A avenida está com o trânsito interditado. Os bombeiros também relatam dificuldades com as buscas, em função da força do mar.

“Acabava de passar de bicicleta quando subiu uma onda muito grande. Ele bateu no paredão e subiu 4 o 5 metros da passarela que caiu no mar, cinco metros atrás de mim. Vimos cair cinco pessoas que estavam de bicicleta também. Acho que morreram. O mar está muito bravo hoje. Acho que os bombeiros encontraram dois ou três”, afirmou uma testemunha, Damian Pinheiro de Araújo, um aposentado de 60 anos, morador da Rocinha.

O secretário municipal de governo, Pedro Paulo Carvalho, disse que o acidente foi fruto de uma “forte ressaca, uma onda que bateu de baixo para cima” na pista. Ele confirmou o balanço de dois mortos e um desaparecido. O secretário se recusou a falar sobre as causas da tragédia e pediu aos jornalistas que aguardem o laudo técnico dos engenheiros que fizeram a obra. “Precisamos de uma avaliação para que tenhamos a informação correta do que causou [o desabamento]. Tudo o que falarmos agora é especulação”, disse.

O secretário de obras da Prefeitura do Rio, Alexandre Pinto da Silva, disse que não é possível afirmar se houve erro de projeto. “Na verdade, toda ressaca é prevista, mas temos que ver as condições do local e investigar as causas do acidente”, disse. O secretário reconheceu que ressacas como esta são frequentes naquele trecho e que este tipo de impacto “tem que ser previsto”. Ele disse que a obra teve o aval da Geo-Rio, órgão da Secretaria Municipal de Obras responsável pela contenção de encostas.

Inesperado

Não houve qualquer alerta de ressaca para a orla do Rio que tenha sido emitido pela Marinha. No entanto, segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe), o mar agitado foi causado por um ciclone que se formou no sul do país há dois dias e passou longe da costa. Segundo o meteorologista Marcos Viana, o fenômeno provocou ondas de 2,5 a três metros de altura nesta quinta-feira. A previsão é de que até esta sexta-feira, o mar fique mais calmo.

“Essas ondas se formam distante da costa e passou ao largo do Rio, mas levou as ondas para a orla. Esse fenômeno é conhecido pelos surfistas como swell (palavra em inglês para bombástico, de grande tamanho ou grande elevação) e não está ligada a entrada de uma frente fria”, explicou o meteorologista.

Marcos Viana disse que o último alerta dado pela Marinha foi às 22h de terça-feira (19) e, mesmo assim, definia apenas o trecho entre Saquarema, na Região dos Lagos, e Macaé, no Norte Fluminense. Para esta quinta-feira, não havia alerta.

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