Três das dez empresas que comandaram o transporte coletivo de Curitiba nas últimas décadas deverão ficar de fora da licitação que escolherá as novas operadoras do sistema. A informação foi dada à Gazeta do Povo com exclusividade pelo presidente do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), Aírton Amaral.
Segundo Amaral, as três empresas gostariam de participar da concorrência mas não conseguiram atingir os pré-requisitos mínimos estabelecidos no edital publicado pela prefeitura de Curitiba. "Quem está no negócio não quer deixar de estar. No entanto, nem todas estão qualificadas. Três a quatro empresas ficaram de fora pelas exigências do edital", disse. Amaral não informou, porém, quais seriam as empresas que devem ficar de fora da licitação.
O presidente do Setransp evitou comentar os detalhes da licitação, mas disse que "o edital veio para valorizar muito pouco a cidade de Curitiba" e que apesar disso "é importante para o setor ter contratos definidos, regras claras e transparentes. O setor resolveu participar de peito aberto".
Famílias
As dez empresas que operam os ônibus hoje pertencem a sete famílias. Uma delas os Gulin é dona de quatro companhias: Auto Viação Marechal, Auto Viação Redentor, Transporte Coletivo Glória e Viação Cidade Sorriso. Segundo dados de 2008, o grupo contava com 895 ônibus, o equivalente a 56% da frota total das empresas urbanas da Rede Integrada de Transportes (RIT). Os Gulin também controlam uma empresas de ônibus na região metropolitana (Auto Viação Santo Antônio) e linhas de transporte intermunicipais, como a Princesa dos Campos (Ponta Grossa), Vale do Iguaçu (Pato Branco), Pioneira (Cascavel), Pérola do Oeste (Guarapuava) e a VCG (Ponta Grossa).
Na semana passada, a Gazeta do Povo revelou que outras empresas ligadas aos Gulin, com base no interior do Paraná, também apresentaram perguntas formais à Urbs sobre a licitação e poderão passar a atuar em Curitiba.
As outras empresas que atuam em Curitiba são a Auto Viação Nossa Senhora da Luz (famílias Silvério, Krüger e Zappelini), Auto Viação Água Verde (Martini), Auto Viação Curitiba (Recksidler), Auto Viação Mercês (Bertoldi), Auto Viação Nossa Senhora do Carmo (Franceschi) e a Empresa Cristo Rei, que recentemente mudou o nome para CCD Transporte Coletivo (Dalledonne e Chipon).
Desde o começo do processo licitatório, a prefeitura de Curitiba recebeu várias críticas de que a concorrência seria feita para beneficiar as empresas de Curitiba, em detrimento de companhias de fora. A Urbs nega a acusação, e diz que há centenas de prestadoras país afora em condições de atender às exigências do edital publicado.