Três meses depois de um perito do Instituto Médico Legal (IML) ser indicado para avaliar os prontuários das sete mortes que, supostamente, foram antecipadas pela médica Virgínia Soares e outros seis funcionários do Hospital Evangélico de Curitiba, o trabalho ainda não começou.
Questionado sobre o tema, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) informou que o perito indicado está formando uma equipe para o caso. As antecipações de morte na Unidade de Terapia Intensiva do hospital teriam ocorrido entre 2006 e janeiro de 2013.
Apesar da demora, o MP está acompanhando a etapa do processo, mas não vê necessidade de acelerar o procedimento. Segundo o MP, o caso envolve quesitos de alto nível técnico na área da medicina intensiva e anestesiologia. Além disso, como foi nomeado um perito, mesmo com equipe, é preciso acompanhar e revisar todo trabalho.
O casoNo dia 29 de outubro do ano passado, um perito do IML foi designado pela Polícia Científica para realizar as perícias nos prontuários dos casos suspeitos. Somente após o resultado da perícia é que os réus serão ouvidos pela Justiça. A indicação do perito ocorreu por decisão do juiz da 2.ª Vara do Júri Daniel Surdi de Avelar. O caso estava parado devido à falta de peritos.
Em setembro do ano passado, o estado do Paraná, responsável pelas custas nestas circunstâncias, não quis pagar R$ 220 mil para os peritos indicados para o caso pelo juízo. A necessidade da perícia foi aceita por todas as partes no processo. No começo de outubro, criou-se outro obstáculo. Os médicos especializados em anestesiologia e medicina intensiva do IML declararam suspeição para periciar os prontuários.
Apesar disso, outro perito do IML foi indicado e aceitou o caso. Na época, a própria assessoria de imprensa da Polícia Científica informou que o perito indicado não é especialista em anestesiologia e medicina intensiva, mas a formação forense dele o torna capaz de realizar as análises solicitadas pela Justiça. O problema da demora em começar a perícia é que, naturalmente, ela levará meses para ser concluída. Só depois disso, é que os réus serão ouvidos pela Justiça.
Polícia CientíficaA Polícia Científica informou, por meio da assessoria de imprensa, que está prestando o serviço que foi solicitado pelo juiz do caso. A assessoria afirma que outras informações sobre o caso devem ser solicitadas ao Judiciário. A reportagem tentou falar com o juiz Surdi de Avelar, mas ele não atendeu às ligações até a publicação desta reportagem.
HistóricoDesde março de 2013, o caso da médica Virgínia Soares está na Justiça. O Ministério Público sustenta que os acusados abreviaram a vida de sete pacientes com o objetivo de "girar a UTI", ou seja, abrir novas vagas. Tanto a defesa da médica quanto a dos outros réus sempre justificaram que todos os procedimentos realizados na UTI estavam dentro da legalidade.