Após a saída dos estudantes que ocupavam a Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) desde o dia 31 de agosto, o reitor Zaki Akel classificou a ocupação do prédio como uma das invasões mais violentas e arbitrárias já ocorridas na história recente da instituição. De acordo com Zaki, embora os danos à estrutura física do prédio tenham sido pequenos, os prejuízos institucionais foram significativos e impactaram milhares de pessoas devido ao atraso de pagamentos a terceirizados, fornecedores e estudantes.
Aulas devem ir até janeiro
De acordo com a Reitoria, o calendário acadêmico será mantido, uma vez que a greve foi bastante heterogênea e, em todos os campi da UFPR, houve professores que aderiram e outros que permaneceram em sala de aula. Além disso, segundo a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), há cursos com 15, 18 e até 20 semanas letivas.
A proposta de reposição de aulas elaborada pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) sugere que as aulas se estendam até a véspera do Natal e retornem no início de janeiro, sacrificando as férias de alunos e docentes. A proposta será apresentada e deliberada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) em reunião no próximo dia 25.
Por causa da ocupação, segundo a instituição, o setor de contabilidade não conseguiu efetuar, até o quinto dia útil de setembro (dia 9), os pagamentos de pelo menos 2,3 mil alunos bolsistas, de funcionários terceirizados e empresas fornecedoras. As dívidas geradas com terceirizados e fornecedores durante esse período somam R$ 5,4 milhões; já o montante retido para o pagamento das bolsas estudantis é de R$ 1,4 milhão. Os pagamentos já começaram a ser processados e a estimativa da administração é de que tudo esteja quitado em até três dias.
De acordo com o vice-reitor, Rogério Mulinari, a instituição não pode efetuar os pagamentos de outras unidades porque os servidores do departamento de contabilidade não conseguiram transferir os computadores certificados e os documentos físicos necessários para a realização dos processos. “Cada pagamento que a universidade faz exige a verificação de documentos físicos e o procedimento no terminal certificado. São processos que não podem ser feitos de qualquer computador e sem a documentação correta e mãos”, explicou.
Retomada das negociações
As negociações com os alunos serão retomadas ainda nessa quinta-feira (17) mas, no que depender do reitor, com outro ritmo. “As negociações nunca foram interrompidas pela administração e sim pelos alunos, que ocuparam a reitoria com reuniões em andamento. Vamos retomar o diálogo, mas será necessário definir quatro ou cinco pautas centrais para conseguirmos avançar”, disse.
O movimento de ocupação declarou que os alunos pretendem negociar primeiramente a não criminalização da ocupação da Reitoria. Além desse ponto específico, os alunos querem um posicionamento sobre as seguintes reivindicações: abono de faltas dos participantes da ocupação; criação de mais salas de aula nos prédios do Litoral; operação do ônibus intercampi à noite e liberação desses ônibus também para filhos de mulheres que estudam na universidade.
“Os maiores prejuízos foram sentidos pela própria comunidade estudantil, que ficou sem bolsa, valor que garante o sustento de muitos alunos, e por funcionários que também dependem de seus salários. Além disso, a universidade deixou de cumprir contratos e agora terá de arcar com multas e juros devido a esses atrasos. Em um ano de grandes cortes orçamentários, um acontecimento assim só vem para prejudicar mais a situação da instituição”, declarou Zaki em entrevista coletiva concedida na tarde dessa quinta-feira (17).
O reitor disse ainda que outros prejuízos à estrutura física da Reitoria estão sendo apurados, enquanto os computadores certificados para a realização de pagamentos são periciados pela Polícia Federal, uma vez que vários equipamentos teriam sido violados.
Responsabilização
Zaki declarou que a administração da universidade não abre mão da responsabilização dos estudantes que invadiram a Reitoria, apesar de o movimento de ocupação ter reivindicado a não criminalização como condição para as negociações. A UFPR já solicitou uma sindicância para que todos os participantes da ocupação sejam identificados, por meio de imagens gravadas pelo circuito interno do prédio e fotografias divulgadas em redes sociais do movimento.
A responsabilização dos envolvidos pode ser financeira, em decorrência dos danos materiais e multas que a instituição terá de pagar devido aos pagamentos atrasados, e acadêmica, já que o regimento interno da UFPR prevê penalidades que vão desde repreensão até expulsão.
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