ENCONTROS
Objetivo é ampliar o diálogo
O fórum que reúne na próxima quarta-feira, em evento fechado, diversos órgãos do poder público é mais uma das iniciativas do projeto Águas do Amanhã. Além deste, estão previstos outros três encontros temáticos ao longo do ano: Sociedade Civil (previsto para ocorrer em setembro), Agricultura e Indústria, Comércio e Serviços. "Queremos conhecer a visão de todos os setores sobre o problema da água. Qual a percepção que cada um tem a respeito do assunto, até que ponto se sentem responsáveis e como podemos envolver a todos para atingir o objetivo em comum", explica Eduardo Gobbi, coordenador técnico do Águas do Amanhã. Para saber mais sobre o projeto, acesse www.aguasdoamanha.com.br.
"Gestão integrada", "qualidade da água na bacia do Alto Iguaçu" e "infraestrutura e investimento para a gestão dos recursos hídricos". Provar que esses temas têm a ver com o cotidiano dos cidadãos é a missão do primeiro fórum Águas do Amanhã, que será no dia 4 de agosto, em Curitiba.Pioneira, a iniciativa pretende reunir representantes de várias entidades ligadas ao poder público a fim de diagnosticar problemas, trocar experiências e buscar soluções conjuntas para objetivos em comum. Trocando em miúdos, o que está em jogo é o crescimento sustentável da região metropolitana de Curitiba (RMC), especialmente em relação ao uso racional dos recursos hídricos na bacia do Alto Iguaçu, ameaçada pela poluição dos rios e mananciais.
"O governo é essencial nessa questão. É ele quem tem as ferramentas e o poder para trabalhar as soluções. Além disso, houve um acordo de que esses seriam os temas mais importantes neste momento inicial", explica o coordenador técnico do projeto, Eduardo Gobbi, sobre a escolha do poder público como protagonista do primeiro fórum e a opção pelos assuntos em pauta.
Desafios
Despoluir os rios e garantir o abastecimento de água para os próximos anos não é o único desafio da RMC. Conter o avanço populacional nas áreas de mananciais e criar uma política de gestão integrada dos municípios também está ou deveria estar no horizonte dos governantes. Para o engenheiro civil e economista Rodolpho Ramina, o problema está no modelo de desenvolvimento urbano adotado para a região metropolitana. "Integração é a coordenação entre o crescimento urbano e a questão ambiental, no sentido da preservação das fontes de água que abastecem as cidades", resume o especialista, que defende ainda um alinhamento das ações dos órgãos governamentais.
Esse modelo diferenciado não decola, segundo Ramina, por causa da visão centralizadora das políticas de desenvolvimento de Curitiba, que acaba exportando a periferia para os municípios limítrofes. "Partem do princípio de que a cidade compacta é mais eficiente porque minimiza os custos de infraestrutura. Verdade. Só que existe um limite para isso: a questão ambiental. Isso funcionou bem até chegarmos a 2 milhões, 2,5 milhões de habitantes. Hoje estamos perto de ter 4 milhões e, por isso, esse modelo não funciona mais", argumenta. Um exemplo disso, segundo Ramina, é que a alta densidade populacional, aliada à pequena capacidade de vazão dos rios, não permite diluir a poluição gerada.
O modelo ideal de gestão, na opinião do engenheiro, seria a descentralização, principalmente com a criação de outros polos econômicos. "Existem diversas formas de você incentivar o desenvolvimento de outros núcleos, como a Lapa, Paranaguá ou Ponta Grossa, para não concentrar tudo em Curitiba. Do ponto de vista do abastecimento de água e diluição de esgoto, já ultrapassamos o limite. No entanto, o que se discute ainda é onde vamos colocar a próxima estação de tratamento", conclui.
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