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O contraste da Brigadeiro Franco não é um caso isolado na capital. Nem o único na região do Parolin. Praticamente todas as vias estruturais paralelas à Brigadeiro, que ligam o bairro à região central da cidade, também ostentam paisagens semelhantes. É o caso da 24 de Maio, Desembargador Westphalen, Nunes Machado, Alferes Poli e Lamenha Lins. E também o da artéria Marechal Floriano Peixoto, uma espécie de trailer das várias faces de Curitiba no percurso entre a Praça Tiradentes e São José dos Pinhais.

A explicação para essa "desconstrução" das vias à medida que elas se afastam do Centro está no tipo de zoneamento adotado pela cidade. "O zoneamento em Curitiba é por áreas, não por vias", explica o diretor do Departamento de Controle de Edificações da Secretaria Municipal de Urbanismo, Reginaldo Cordeiro. "Isso faz com que algumas ruas, como a Brigadeiro Franco e a Marechal Floriano, acabem cortando várias áreas diferenciadas de zoneamento, com trechos de área central, estrutural, zonas residenciais (ZR), e de transição."

Ele disseca o caso da Brigadeiro Franco. "Quando ela começa, na Manoel Ribas, a Brigadeiro é uma ZR-4 [zona residencial com comércio e prédios]; depois se torna zona central, corta um setor estrutural na altura da Visconde de Guarapuava, volta a ser ZR-4 perto da Iguaçu e Getúlio Vargas, e depois passa a ser ZR-3 [zona residencial com comércio local] depois da Kennedy".

Portanto, para que a Brigadeiro fosse mais uniforme, seria preciso uma reurbanização de toda a área onde ela termina. "Se bem que ela tem mais potencial de construção, porque se tornou uma via setorial, com tráfego intenso de veículos e caminhões, e dotada de linhas de ônibus", observa. Segundo ele, vias desse tipo permitem um tipo de zoneamento especial, que pode prevalecer sobre o de área. "Se a favela do Parolin não existisse, agora não se instalaria nenhuma ocupação irregular naquela região", acredita. "O problema é que na época em que o Parolin era uma grande área de vazios urbanos, não se criaram dispositivos para valorizar os terrenos adjacentes a essas vias estruturais."

Foi o que aconteceu com a Conectora 5, o prolongamento da Avenida Padre Agostinho, que viria a se tornar a porta de entrada para o Carrefour Champagnat, o ParkShopping Barigüi e a Ecoville. "Lá foi previsto este zoneamento diferenciado, e incentivou-se a compra das áreas por construtoras. Por isso não virou favela", atesta. "A favela se forma normalmente numa área de baixada, quando há um declive enorme ao longo de um rio, como lá no fim da Brigadeiro. Porque seria preciso gastar muito para fazer terraplenagem. A solução para isso seria criar parques lineares ao longo dos rios."

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