A partir da próxima semana, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vai passar a receber amostras e fazer testes rápidos de detecção do zika vírus. As amostras para o teste são coletadas a partir da saliva, urina ou sangue do paciente e podem detectar, além do vírus zika, também a dengue e o chikungunya. O Hospital das Clínicas da Unicamp será um dos órgãos que fará a triagem e irá encaminhar as amostras para serem analisadas pelos pesquisadores da Unicamp.
Em entrevista à Agência Brasil, Clarice Arns, professora do Instituto de Biologia e coordenadora da força-tarefa criada entre laboratórios e três universidades paulistas para estudar o vírus, disse nesta quarta-feira (10) que o teste fica pronto em torno de cinco ou seis horas, mas ele só detecta o vírus ativo, ou seja, quando ele está no organismo e a pessoa já apresenta os sintomas da doença.
“Esse é um teste em que vamos detectar o vírus ativo ou se ele está no organismo da pessoa. Só é possível detectar, ou as chances são maiores, quando o paciente está na fase aguda da enfermidade, ou seja, quando ele está com os sinais ou sintomas clínicos. O médico então irá avaliar e remeter a amostra para a gente.”
“O vírus tem que estar lá [no organismo do paciente]. Se já passou a fase aguda [da doença], o vírus não está mais no organismo. Depois que o vírus não está mais no organismo, temos um teste chamado sorologia, mas que não é um teste muito específico porque ele cruza muito com o vírus da dengue e aí não temos certeza se o paciente teve contato com zika ou dengue. Já esse teste não. É um teste específico em que poderemos determinar se o paciente está infectado com zika, dengue ou chikungunya ou com os três”, disse Clarice.
Para a coordenadora, a vantagem desse teste sobre os demais, principalmente sobre a sorologia, é que “ele é específico e rápido”. “Imagine uma mulher grávida, com sintomas, e que quer saber se está com zika ou não. Nós teremos como verificar isso”, disse. “O indivíduo que está doente tem o direito de saber o que ele tem. E também é importante, em termos epidemiológicos, que o Brasil saiba o que está ocorrendo e só com esses dados na mão é que as autoridades vão tomar uma posição mais clara e evidente, soltando mais verbas para a pesquisa ou o diagnóstico da doença”, acrescentou.
Rede Zika
Criada no final do ano passado, a força-tarefa ou Rede Zika, como vem sendo chamada, reúne dezenas de laboratórios no estado de São Paulo para buscar entender o funcionamento do vírus que provoca o zika. A rede integra também as três universidades paulistas: Unicamp, Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ela é coordenada pelo professor Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Para Clarice, a criação dessa rede foi fundamental para buscar uma solução para o problema do zika vírus no país. Segundo ela, isso ocorreu em raras oportunidades no Brasil.
“Essa questão da microcefalia [que pode estar relacionada ao zika vírus] tocou a todos nós. Há pouco tempo, eu não trabalhava com esse vírus e hoje estamos com tudo preparado [para estudá-lo]. Nossos alunos de pós-graduação estão deixando de fazer seus trabalhos para essa força-tarefa”, falou.
Teste em outras áreas do país
Segundo a pesquisadora, o teste para detecção de zika não é exclusividade da Unicamp. Diversas universidades e laboratório em todo o país já estão realizando testes para a detecção de zika. “Não é só aqui que está sendo feito. Está sendo feito na Fiocruz, na USP, na Unesp, no Instituto Butantan, no Instituto Evandro Chagas, entre outros”.
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