Os donos não têm Twitter nem Facebook: o esquema de divulgação funciona no boca a boca. Em oito restaurantes em favelas que receberam Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) visitados pela reportagem, havia comida farta e barata - coisa rara no Rio - e, em alguns casos, direito a vista panorâmica. A comida é para matar a fome, sem frescura. Paga-se a partir de R$ 7 para comer um prato honesto e bem temperado.
Nenhum letreiro identifica o estabelecimento simples onde é servido o baião de dois mais famoso da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana. Quem quiser experimentar a comida do cearense Romero Alves Moreira precisa procurar o menu escrito a giz em uma lousa pendurada na parede, do lado de fora, e pedir informações sobre o Altas Horas nas ruas estreitas do morro - sem se assustar com indicações do tipo "na frente da próxima lata de lixo do lado esquerdo".
O dono trabalhou por mais de dez anos em restaurantes de Ipanema antes de começar a se dedicar ao próprio negócio, aberto em 2009 - antes da chegada da UPP. "A pacificação não fez aumentar o público, então mantenho essa estrutura simples."
A clientela é formada principalmente por moradores e funcionários das concessionárias de serviços públicos. Por R$ 8 a R$ 12, eles escolhem entre pratos como peito de frango, contrafilé, frango ao molho pardo, peixe com pirão ou costela de boi. Cada pedido vem acompanhado do famoso baião de dois da casa ou de porções fartas de arroz, feijão, farofa, macarrão e salada. "Esse é um dos poucos restaurantes daqui que funcionam para o almoço e para o jantar", anuncia Moreira. Os talheres chegam embrulhados em guardanapos e o molho de pimenta da casa é servido em garrafas de vidro usadas, conservando os rótulos de vodca. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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