Para o urbanista colombiano Ricardo Montezuma, criador da ONG Cidade Humana e especialista em mobilidade urbana, as 555 mortes de pedestres causadas por atropelamentos no trânsito paulistano em 2014 configuram um massacre. “Isso é um absurdo. É inaceitável que uma cidade tenha 1.200 mortes causadas pelo trânsito em um ano”, declarou Montezuma.
Os comentários foram feitos durante o lançamento do aplicativo SP Sem Carro, iniciativa que tem como um dos idealizadores Leão Serva, colunista da Folha de S.Paulo. O serviço já está disponível para download gratuito para usuário iOS, na App Store, e sua versão para Android deve ser finalizada em algumas semanas. A ferramenta orienta o deslocamento pela cidade de São Paulo daqueles que não utilizam automóvel, calculando o tempo de trajeto e oferecendo estimativa precisa de tarifa para os serviços que são pagos, como ônibus, metrô e táxi.
Um meio gratuito de locomoção, porém, dominou o debate desta manhã no Instituto de Engenharia. A necessidade de maior proteção aos pedestres foi o tema central não apenas da palestra de Montezuma mas também das intervenções de Daniel Guth, presidente da Associação Ciclo Cidade, José Ignácio Sequeira de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Pedestres em São Paulo, Ivan Whately, diretor do Departamento de Mobilidade e Logística do Instituto de Engenharia, Luiz Carlos Mantovani Néspoli, superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), e Ana Odila de Paiva Souza, diretora de Planejamento da SPTrans.
Para Montezuma, é fundamental reduzir a violência e a insegurança viárias. “Uma cidade que é segura para o pedestre, aquele que está em posição mais frágil, certamente será segura para usuários dos outros meios de transporte”, avaliou. Em sua opinião, tanto ciclistas quanto motoristas têm lições a aprender com quem se desloca pela cidade a pé: “A luta por espaço, que no fim das contas é a luta por mais velocidade, não existe entre pedestres. E hoje nós já sabemos que a velocidade não é tão boa quanto parece”.
Ainda de acordo com o especialista, os países que mais avançaram na proteção ao pedestre são aqueles que puseram fim a seus Códigos Nacionais de Trânsito para dar lugar a um instrumento mais abrangente, em muitos lugares chamado de Código Nacional de Mobilidade. “É uma oportunidade para articular políticas públicas em conjunto”, ponderou Montezuma, que ainda vê os pedestres longe dessas políticas públicas e das aulas de engenharia nas faculdades.
Locomovendo-se de bicicleta por São Paulo durante sua visita, Montezuma elogiou a qualidade dos ônibus nas ruas e o sistema tarifário do Bilhete Único, mas avaliou que ainda há “muitíssimo a fazer” na cidade.
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