Goura e Fernando: incentivo ao uso da bicicleta no dia a dia da cidade| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Plano deve aumentar as ciclovias

O Plano Diretor Cicloviário da capital está em fase final. Elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc), o estudo tem como meta aumentar em 87% as vias destinadas às bicicletas. Serão construídas novas ciclovias e criadas ciclofaixas. Em alguns locais do centro da cidade, os ciclistas vão dividir o espaço com motoristas. Mas a sinalização vai informar de quem é a preferência. Também estão previstas a construção de bicicletários em terminais de ônibus para que os ciclistas possam usar os dois modais. A intenção é que as mudanças comecem a ser implantadas no ano que vem. Este ano a prefeitura decidiu aderir ao Dia Mundial sem Carro, diferentemente do que ocorreu no ano passado. A assessoria de imprensa informou que se uniu a vários parceiros para realizar o evento e ainda está fechando a programação. (PC)

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Pedalando

Cinco motivos para andar de bicicleta:

1 – É um modal totalmente limpo, sem emissão de poluentes.

2 – Ao mesmo tempo que você se locomove, faz exercícios físicos e contribui para sua saúde e bem-estar.

3 – O motorista que deixa o carro em casa contribui para melhorar o trânsito. Cada bicicleta é um carro a menos nas ruas.

4 – Com a bicicleta, o ciclista tem mais contato com a dinâmica da cidade e conhece melhor o espaço urbano.

5 – Além de não poluir, o modal também é silencioso e diminui o barulho nas grandes cidades.

Cinco desafios para os ciclistas:

1 – O principal problema é a falta de infraestrutura. Não há ciclovias ou ciclofaixas em toda a cidade.

2 – Os motoristas e pedestres não respeitam os ciclistas.

3 – Não há bicicletários para deixar as bicicletas. Em função disso, também não há como fazer conexão com ônibus.

4 – Falta uma cultura geral de apoio ao uso do modal.

5 – Ainda não há segurança para os ciclistas. Há perigo tanto em ciclovias, como ser assaltado, quanto em vias movimentadas, onde há risco de colisão com veículos motorizados.

Confira o resultado do Desafio Intermodal de 2008
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Durante o mês de setembro a bicicleta será a grande atração do trânsito em Curitiba. Esse é o objetivo do Arte Bicicleta Mobilidade, que reúne eventos culturais e políticos para incentivar e cobrar do poder público o uso de meios de transporte mais limpos na capital. Para iniciar as atividades, ocorre hoje à noite o Desafio Intermodal, uma competição para ver qual modal é mais rápido e o menos poluente. Outra ação que marca o mês acontece em 22 de setembro, no Dia Mundial sem Carro, quando será realizada a "Mar­­cha das Mil Bikes". Os organizadores estimam que se 10% dos motoristas deixassem seus veículos motorizados em casa, 38 milhões de quilos de poluentes deixariam de ser jogados na atmosfera anualmente.

O Desafio Intermodal vai colocar lado a lado para competir a bicicleta, o carro, o ônibus, a motocicleta, pedestres, um corredor e duas pessoas com problemas de acessibilidade. Esta é a terceira edição do evento. Nas duas anteriores, a bicicleta foi a grande vencedora. Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná e do Instituto de Tec­­nologia para o Desenvolvimento (Lactec) vão analisar a emissão de poluentes, tempo e gastos de cada modal, além de colher dados subjetivos, como índice de satisfação e estresse.

Cálculos do projeto Ciclovida, programa de extensão da UFPR, mostram que uma pessoa que mora a 10 quilômetros do trabalho e faz o trajeto sobre duas rodas queima 21 mil calorias por mês e pode perder até três quilos. Além disso, deixa de emitir 96 quilos de poluentes e economiza cerca de R$ 150 mensalmente. Hoje apenas 2% dos curitibanos usam o modal como alternativa de transporte.

Sem política pública

O principal ponto de crítica dos organizadores do evento em relação a Curitiba é a falta de uma política pública efetiva para quem usa a bicicleta como meio de transporte. O filósofo Goura Nataraj, integrante do coletivo de arte Interlux, um dos grupos mobilizadores, argumenta que a criação de ciclofaixas na cidade não é algo difícil de ser realizado. "Se conseguimos fazer obras tão grandes como a Linha Verde, por que não as ciclofaixas?", questiona. No trânsito, os ciclistas são desrespeitados por motoristas de ônibus e carros, motoqueiros e pedestres. "O município precisa de estrutura para atrair mais bicicletas. Com pouco, já teríamos uma cidade diferente", diz José Carlos Belotto, um dos coordenadores do Ciclovida.

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Outro olhar

O Arte Bicicleta Mobilidade é um movimento que pretende mudar a forma como as pessoas veem a ocupação dos espaços públicos. Para os organizadores do evento, não é somente substituir um modal pelo outro, mas olhar a cidade de forma diferente. "Hoje há um esvaziamento da rua como espaço de convivência. As decisões sobre o transporte coletivo ficam somente com os órgãos públicos e a sociedade não é ouvida", diz Goura Nataraj. "É um mês cívico cultural, de crítica ao automóvel. Queremos uma cidade mais agradável e menos poluída."

Para os ativistas em prol da bi­­cicleta, o trânsito não é uma ques­­tão isolada e deve ser pensado coletivamente. "Nosso foco é na sociedade, em despertar a cons­­ciência e tornar o espaço pú­­blico sustentável", diz Luís Car­­los Patrício, do grupo Transporte Humano. Eles desenvolvem em empresas o projeto Bike to Work, que incentiva o uso de modais não poluentes. "Queremos menos poluição e mais segurança nas ruas."

Responsável pelo monitoramento da qualidade do ar do Lactec, Eliseu Esmanhoto afirma que o carro é sempre o vilão da poluição. "São eles que mais emitem gases poluente e que causam o efeito estufa. Sem 10% da frota atual, já teríamos um ar mais saudável para a cidade." É Esmanhoto quem vai medir hoje à noite os gastos de combustível e a emissão de poluentes com base em estudos já realizados pelo Instituto.

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AGENDA

Confira a programação do mês para incentivar o uso da bicicleta:

Hoje

18h – Desafio Intermodal (veja infográfico)

Dia 04

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18h30 – Música Para Sair da Bolha. Itinerante.

Dia 06

10h – Oficina libertária no Parque São Lourenço e aulinha de bicicleta.

Dia 07

8h – Pedalada à Valadares – pátio UFPR – cicloturismo, fandango e discussão sobre a mobilidade por bicicleta no litoral.

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Dia 09

19h – Na Cinemateca sessão Ciclecine.

Dia 11

18h30 – Bicicletada musical (pátio UFPR – reitoria)

Dia 12

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9h – Jardinagem libertária e bicicletada partindo do Parque São Lourenço.

Dia 13

10h – Oficina libertária no Parque São Lourenço e aulinha de bicicleta.

Dia 15

Das 9h às 12h e das 14h30 às 17h30 – Oficina infantil de criação fantástica de veículos no Centro de Criatividade de Curitiba.

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Dias 16, 17, 18

19h – Ciclo de palestras e debates na UFPR.

Dia 18

18h30 – Música Para Sair da Bolha. Itinerante.

Dia 19

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Ciclodia da UFPR – uma iniciativa do programa Ciclovida

Dia 20

10h – Oficina libertária no Parque São Lourenço e aulinha de bicicleta.

Dia 22 – Ações do Dia Mundial Sem Carro

12h – mobilização na Praça Santos Andrade rumo à Câmara dos Vereadores

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16h – Vaga Viva pelo Centro e Música Para Sair da Bolha

18h30 – Marcha das 1000 bicicletas

Dia 25

18h30 – Música Para Sair da Bolha. Itinerante.

Dia 26

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10h – Grandiosa Bicicletada de Sábado (pátio da reitoria – UFPR)

14h – Ciclechic – Praça 29 de Março (comida, música e moda)

Dia 27

10h – Oficina libertária no Parque São Lourenço e aulinha de bicicleta.

Dia 29

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Das 9h às 12h e das 14h30 às 17h30 – Oficina infantil de criação fantástica de veículos no Centro de Criatividade de Curitiba.

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Interatividade

Se Curitiba tivesse mais e melhores ciclovias, você adotaria a bicicleta como meio de transporte?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

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As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.