Plano deve aumentar as ciclovias
O Plano Diretor Cicloviário da capital está em fase final. Elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc), o estudo tem como meta aumentar em 87% as vias destinadas às bicicletas. Serão construídas novas ciclovias e criadas ciclofaixas. Em alguns locais do centro da cidade, os ciclistas vão dividir o espaço com motoristas. Mas a sinalização vai informar de quem é a preferência. Também estão previstas a construção de bicicletários em terminais de ônibus para que os ciclistas possam usar os dois modais. A intenção é que as mudanças comecem a ser implantadas no ano que vem. Este ano a prefeitura decidiu aderir ao Dia Mundial sem Carro, diferentemente do que ocorreu no ano passado. A assessoria de imprensa informou que se uniu a vários parceiros para realizar o evento e ainda está fechando a programação. (PC)
Pedalando
Cinco motivos para andar de bicicleta:
1 É um modal totalmente limpo, sem emissão de poluentes.
2 Ao mesmo tempo que você se locomove, faz exercícios físicos e contribui para sua saúde e bem-estar.
3 O motorista que deixa o carro em casa contribui para melhorar o trânsito. Cada bicicleta é um carro a menos nas ruas.
4 Com a bicicleta, o ciclista tem mais contato com a dinâmica da cidade e conhece melhor o espaço urbano.
5 Além de não poluir, o modal também é silencioso e diminui o barulho nas grandes cidades.
Cinco desafios para os ciclistas:
1 O principal problema é a falta de infraestrutura. Não há ciclovias ou ciclofaixas em toda a cidade.
2 Os motoristas e pedestres não respeitam os ciclistas.
3 Não há bicicletários para deixar as bicicletas. Em função disso, também não há como fazer conexão com ônibus.
4 Falta uma cultura geral de apoio ao uso do modal.
5 Ainda não há segurança para os ciclistas. Há perigo tanto em ciclovias, como ser assaltado, quanto em vias movimentadas, onde há risco de colisão com veículos motorizados.
Durante o mês de setembro a bicicleta será a grande atração do trânsito em Curitiba. Esse é o objetivo do Arte Bicicleta Mobilidade, que reúne eventos culturais e políticos para incentivar e cobrar do poder público o uso de meios de transporte mais limpos na capital. Para iniciar as atividades, ocorre hoje à noite o Desafio Intermodal, uma competição para ver qual modal é mais rápido e o menos poluente. Outra ação que marca o mês acontece em 22 de setembro, no Dia Mundial sem Carro, quando será realizada a "Marcha das Mil Bikes". Os organizadores estimam que se 10% dos motoristas deixassem seus veículos motorizados em casa, 38 milhões de quilos de poluentes deixariam de ser jogados na atmosfera anualmente.
O Desafio Intermodal vai colocar lado a lado para competir a bicicleta, o carro, o ônibus, a motocicleta, pedestres, um corredor e duas pessoas com problemas de acessibilidade. Esta é a terceira edição do evento. Nas duas anteriores, a bicicleta foi a grande vencedora. Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná e do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) vão analisar a emissão de poluentes, tempo e gastos de cada modal, além de colher dados subjetivos, como índice de satisfação e estresse.
Cálculos do projeto Ciclovida, programa de extensão da UFPR, mostram que uma pessoa que mora a 10 quilômetros do trabalho e faz o trajeto sobre duas rodas queima 21 mil calorias por mês e pode perder até três quilos. Além disso, deixa de emitir 96 quilos de poluentes e economiza cerca de R$ 150 mensalmente. Hoje apenas 2% dos curitibanos usam o modal como alternativa de transporte.
Sem política pública
O principal ponto de crítica dos organizadores do evento em relação a Curitiba é a falta de uma política pública efetiva para quem usa a bicicleta como meio de transporte. O filósofo Goura Nataraj, integrante do coletivo de arte Interlux, um dos grupos mobilizadores, argumenta que a criação de ciclofaixas na cidade não é algo difícil de ser realizado. "Se conseguimos fazer obras tão grandes como a Linha Verde, por que não as ciclofaixas?", questiona. No trânsito, os ciclistas são desrespeitados por motoristas de ônibus e carros, motoqueiros e pedestres. "O município precisa de estrutura para atrair mais bicicletas. Com pouco, já teríamos uma cidade diferente", diz José Carlos Belotto, um dos coordenadores do Ciclovida.
Outro olhar
O Arte Bicicleta Mobilidade é um movimento que pretende mudar a forma como as pessoas veem a ocupação dos espaços públicos. Para os organizadores do evento, não é somente substituir um modal pelo outro, mas olhar a cidade de forma diferente. "Hoje há um esvaziamento da rua como espaço de convivência. As decisões sobre o transporte coletivo ficam somente com os órgãos públicos e a sociedade não é ouvida", diz Goura Nataraj. "É um mês cívico cultural, de crítica ao automóvel. Queremos uma cidade mais agradável e menos poluída."
Para os ativistas em prol da bicicleta, o trânsito não é uma questão isolada e deve ser pensado coletivamente. "Nosso foco é na sociedade, em despertar a consciência e tornar o espaço público sustentável", diz Luís Carlos Patrício, do grupo Transporte Humano. Eles desenvolvem em empresas o projeto Bike to Work, que incentiva o uso de modais não poluentes. "Queremos menos poluição e mais segurança nas ruas."
Responsável pelo monitoramento da qualidade do ar do Lactec, Eliseu Esmanhoto afirma que o carro é sempre o vilão da poluição. "São eles que mais emitem gases poluente e que causam o efeito estufa. Sem 10% da frota atual, já teríamos um ar mais saudável para a cidade." É Esmanhoto quem vai medir hoje à noite os gastos de combustível e a emissão de poluentes com base em estudos já realizados pelo Instituto.
* * *
AGENDA
Confira a programação do mês para incentivar o uso da bicicleta:
Hoje
18h Desafio Intermodal (veja infográfico)
Dia 04
18h30 Música Para Sair da Bolha. Itinerante.
Dia 06
10h Oficina libertária no Parque São Lourenço e aulinha de bicicleta.
Dia 07
8h Pedalada à Valadares pátio UFPR cicloturismo, fandango e discussão sobre a mobilidade por bicicleta no litoral.
Dia 09
19h Na Cinemateca sessão Ciclecine.
Dia 11
18h30 Bicicletada musical (pátio UFPR reitoria)
Dia 12
9h Jardinagem libertária e bicicletada partindo do Parque São Lourenço.
Dia 13
10h Oficina libertária no Parque São Lourenço e aulinha de bicicleta.
Dia 15
Das 9h às 12h e das 14h30 às 17h30 Oficina infantil de criação fantástica de veículos no Centro de Criatividade de Curitiba.
Dias 16, 17, 18
19h Ciclo de palestras e debates na UFPR.
Dia 18
18h30 Música Para Sair da Bolha. Itinerante.
Dia 19
Ciclodia da UFPR uma iniciativa do programa Ciclovida
Dia 20
10h Oficina libertária no Parque São Lourenço e aulinha de bicicleta.
Dia 22 Ações do Dia Mundial Sem Carro
12h mobilização na Praça Santos Andrade rumo à Câmara dos Vereadores
16h Vaga Viva pelo Centro e Música Para Sair da Bolha
18h30 Marcha das 1000 bicicletas
Dia 25
18h30 Música Para Sair da Bolha. Itinerante.
Dia 26
10h Grandiosa Bicicletada de Sábado (pátio da reitoria UFPR)
14h Ciclechic Praça 29 de Março (comida, música e moda)
Dia 27
10h Oficina libertária no Parque São Lourenço e aulinha de bicicleta.
Dia 29
Das 9h às 12h e das 14h30 às 17h30 Oficina infantil de criação fantástica de veículos no Centro de Criatividade de Curitiba.
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Interatividade
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