Lei vigora desde março de 2007
Aprovada no dia 16 de março de 2007, a lei que regulamenta o funcionamento dos valets em Curitiba foi sancionada pelo prefeito Beto Richa no dia 28 do mesmo mês. Entrou em vigor no dia seguinte, mas até agora, mais de três anos depois, segue sem regulamentação. Se fosse cumprida , a lei proporcionaria segurança aos clientes, traria garantias trabalhistas aos funcionários e aumentaria a arrecadação municipal. De autoria do vereador Paulo Frote (PSDB), o projeto foi apresentado em 2004 e incorporou propostas dos também tucanos João Cláudio Derosso e Rui Hara em 2006.
Consumidor prejudicado pode procurar o Procon
A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor do Paraná (Procon-PR) informa que a área de atuação dos valets também é abrangida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). Para evitar aborrecimentos, a coordenadora do Procon, Ivanira Gavião Pinheiro, orienta os clientes a dar uma boa olhada no veículo ao deixá-lo com o manobrista e também na volta, para verificar se não houve dano aparente.
Três anos e um mês depois de entrar em vigor, a lei municipal que disciplina os serviços de manobra e guarda de veículos os chamados valets em Curitiba deverá ser regulamentada por decreto do Executivo somente nesta semana. A regulamentação deverá acabar com a lacuna existente na fiscalização da atividade. Atualmente, apenas um prestador de serviço, o Just Park, no Centro Cívico, tem autorização de embarque e desembarque concedida pela Urbanização de Curitiba (Urbs). A decisão foi anunciada depois que a reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com a Urbs pedindo informações sobre a regulamentação e a fiscalização do serviço.
De acordo com a Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU), não se pode dizer que os demais valets da cidade operam na clandestinidade, já que o decreto que regulamenta a Lei Municipal 12.136, de 2007, está para ser assinado e não existe alvará específico para a atividade. Mas, para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) no Paraná, Fábio Aguayo, a falta de regulamentação reduz a qualidade dos serviços. "Qualquer um põe uma placa na calçada e começa a cobrar, sem dar nota fiscal e sofrer qualquer tipo de fiscalização", reclama. "Já para abrir um bar temos de cumprir uma série de exigências, em um processo que leva anos e sempre somos alvo de ações integradas de fiscalização."
Aguayo propôs à Câmara Municipal de Curitiba que instale uma comissão para investigar o assunto, já que os valets comercializam seus serviços em área pública. "O valet é uma espécie de flanelinha chique, e o usuário não sabe sequer onde e como seu carro está sendo guardado", diz. "Além de funcionar na clandestinidade, os valets operam em cartel, majorando os preços."
A Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU) alega que faz algumas blitzes de fiscalização, em fins de semana e à noite, para verificar se ocorre usurpação de área pública, com base no Código de Obras e Posturas do município. A Urbs também diz que a fiscalização já é feita. Os órgãos, no entanto, não possuem dados específicos sobre autuações de valets, já que as infrações entrariam na contagem junto com as demais ocorrências de obstrução da via.
Com a regulamentação da lei, caberá à SMU fiscalizar o alvará comercial e denúncias de usurpação de área pública. À Urbs, por meio de sua Diretoria de Trânsito (Diretran), caberá a fiscalização de itens relacionados ao trânsito, como sinalização de embarque e desembarque, desobstrução de via pública e habilitação dos motoristas. A Urbs recomenda a quem flagrar irregularidades em um serviço de valet avisar a prefeitura pelo telefone 156. "Toda vez que chegam reclamações, a Diretran vai ao local", garante a gestora de Operação de Trânsito da Urbs, Guacira Civolani. "Se houver obstrução da via com cones ou cavaletes, vamos desobstruir."
Legalizado
Localizado na esquina das ruas Ivo Leão e Rosalvo Melo Leitão, ao lado do Tribunal de Justiça, o Just Park comprovou à Urbs que cumpre todas as exigências da lei. Conforme determina a norma, o valet exibe uma placa com o nome e endereço do estacionamento conveniado, onde os carros são guardados. É o Big Park, que fica na Rua Moisés Marcondes, no bairro do Juvevê, a 700 metros do local de embarque e desembarque. "Temos contrato assinado com o valet, temos seguro, inclusive para o trajeto até o estacionamento", conta o dono do Big Park, Paulo Roberto Weinhardt.
O proprietário do Just Park, Gilberto Menezes, é pioneiro na atividade em Curitiba. Ele guarda até hoje uma declaração de 1975, registrada em cartório e assinada pelo jornalista e empresário Francisco Cunha Pereira Filho, autorizando-o a manobrar os carros em frente do Hotel Caravelle, na Rua Cruz Machado, e guardá-los em seu estacionamento, na Rua Voluntários da Pátria.
"Quem tem alvará de estacionamento já cumpriu a maior parte das exigências legais para prestar o serviço de valet", garante Menezes. "O mais difícil é conseguir o seguro para o trajeto. Não tive problemas porque em 38 anos de atividades nunca tive um sinistro." A dica dele é fazer todos os seguros com a mesma empresa. A lei municipal exige cobertura para incêndio, furto, roubo e colisão do veículo, além do seguro de percurso.
Guacira Civolani informa que a iniciativa de obter a autorização partiu do próprio Just Park. A Urbs também autoriza a operação temporária de prestadores de serviço de valet durante eventos, como a Casa Cor, por exemplo. Nessa área, Menezes também garante ter experiência de sobra. "Na inauguração da sede da OAB [em 2000], tivemos de manobrar 750 carros em uma hora", conta.
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