O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, criticou nesta sexta-feira, 27, a "pressão" que os conselhos regionais de medicina exercem contra o Programa Mais Médicos, do governo federal, e disse que a administração pública "vai até o fim" com a iniciativa. "Não vamos admitir qualquer tipo de ameaça ou de assédio que, às vezes, os conselhos fazem", disse o ministro.
O ministro visitou duas unidades de saúde da família que receberam profissionais do Mais Médicos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, e admitiu que o posicionamento contrário dos conselhos de medicina vem atrapalhando o andamento do programa - como no caso da não adesão das universidades à iniciativa.
"As universidade, mesmo as públicas, têm autonomia para isso (decidir se participam do programa) e, aos poucos, vamos mudando essa mentalidade", avaliou Padilha. "Antes de ver quem não aderiu, é preciso ver o conjunto de universidades, professores, docentes que já aderiram, mesmo sob ameaça, às vezes, dos conselhos profissionais. Nós já temos número suficiente (de tutores) para fazer o primeiro acompanhamento, a supervisão, dos profissionais que estão chegando."
O ministro também afirmou que, mesmo com o posicionamento contrário dos conselhos, o Mais Médicos não será interrompido. "Vamos até o fim com o programa, mesmo com todas as pressões que possam existir", garantiu. "Temos segurança jurídica, temos o apoio dos profissionais de saúde que trabalham no sistema e o apoio da população. Até o final do primeiro semestre do ano que vem, faremos de tudo para ocupar todas as vagas que os municípios pediram."
Segundo Padilha, o cronograma segue a proposta original. "Todo mês, vamos abrir inscrições para médicos brasileiros, para médicos de outros países e manter as parcerias internacionais que estamos fazendo", disse. "Agora, em 1º de outubro, mais médicos brasileiros chegam aos municípios para começar a atuar. Em outubro, também vamos receber mais de 2 mil médicos estrangeiros, que vão passar por três semanas de avaliação e adaptação e vão começar a atuar nos municípios em que os médicos brasileiros não preencheram as vagas."
Estrutura
Para o ministro, nem problemas com infraestrutura dos postos de saúde vão frear o desenvolvimento do programa. "Um posto de saúde pode ter problemas, pode não ter banheiro, mas agora tem médico", argumentou. "Construir banheiro é fácil, reformar unidade é fácil. O difícil é este País esperar sete, oito anos para formar médicos e não ter médicos no SUS. O mais difícil é ter médicos que conversem com as pessoas. A alma do serviço de saúde são seus profissionais. O Mais Médicos é o primeiro passo, que certamente vai provocar outras mudanças no sistema."
Padilha também considera que o debate em torno do programa e os problemas verificados em sua estreia são fruto da novidade. "Esse é só o começo, foi só o primeiro mês do programa", disse. "Passo a passo, não só a população brasileira, mas a maioria da classe médica vai perceber que o programa traz os profissionais para ajudar."
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