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Assassinato em SP

Veja a reconstituição da fuga de suspeito de matar cartunista Glauco

Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, suspeito de matar o cartunista Glauco e seu filho Raoni, tentou fugir para o Paraguai após o crime. O Fantástico reconstituiu os detalhes da fuga.

Na manhã do domingo (14), um motorista tem o carro roubado na Zona Oeste de São Paulo. "Ele [Cadu] falou: 'Preciso do carro, quero o carro e sai do carro'", disse o motorista. O homem, armado, também levou a carteira do motorista com dinheiro, cheques e cartões de crédito. A polícia suspeita que Cadu é o assaltante. Ele segue com o carro para o Paraná. Os tíquetes dos pedágios indicam que o estudante vai até Curitiba pela rodovia Régis Bittencourt, e depois pega a BR-277, passando por Cascavel. Às 21h36 chega ao pedágio de São Miguel do Iguaçu.

Da capital paulista até Foz do Iguaçu, na fronteira com o Paraguai, são 1.080 quilômetros. Cadu disse à polícia que, durante todo esse trajeto não dormiu, não se alimentou e não bebeu água. Apenas parou para abastecer o carro. Ele disse ainda que precisou usar drogas para esquecer o cansaço.

"Ele misturava tabaco, cigarro, com pequenas porções de haxixe e de maconha, que ele vinha consumindo no caminho", informou o delegado Marcos Paulo Pimentel.

Barreira Perto de Santa Terezinha do Itaipu, o rapaz passa em alta velocidade por uma barreira da Polícia Rodoviária Federal. Confirmada a denúncia de roubo, começa a perseguição.

"Ele pisou bruscamente nos freios, tentando emparelhar o seu veículo com a viatura, e logo em seguida virou-se e atirou contra os policiais, descarregando a sua pistola", disse Renato Schneider, inspetor da Polícia Rodoviária Federal no Paraná.

Ao todo, Cadu acertou seis tiros no carro da polícia. Um pegou bem na placa e furou o radiador. Quatro acertaram a frente da viatura e outro, no parabrisa. Na fuga, Cadu atirou ainda contra outros motoristas na estrada.

Ponte da Amizade

Cadu pega um desvio e entra na cidade de Foz do Iguaçu, despistando a polícia. Uma hora depois, tenta atravessar a Ponte da Amizade e ataca os policiais da alfândega.

"Foi muito próprio de quem tem habilidade com a arma, pois efetuou os disparos através do parabrisa", disse o inspetor Ricardo Schneider.

No tiroteio, um agente brasileiro fica ferido no braço. Cadu chega a entrar no Paraguai, mas é rendido e repatriado. O rapaz disse em depoimento que tinha munição de sobra, cerca de 70 balas. A pistola 765 foi comprada por R$ 1,9 mil na periferia de São Paulo. Para conseguir o dinheiro, vendeu maconha.

Confissão

De olhos esbugalhados, o estudante confessa os assassinatos diante da câmera. Para a polícia, Cadu não é um alucinado sem consciência dos próprios atos.

"Alguém que comete um crime grave e se preocupa em fugir para outro país não é uma pessoa totalmente desnorteada", afirma o delegado Marcos Carneiro Lima.

Mas o psiquiatra Sergio Nicastri, da Universidade de São Paulo (USP), afirma que uma pessoa em pleno surto psicótico pode, ainda assim, manter o raciocínio lógico.

"Hoje a gente sabe que um dos principais fatores a se prevenir, para tentar diminuir o número de esquizofrênicos na população, é tentar controlar o uso de maconha", diz o psiquiatra Sergio Nicastri.

Chá do Santo Daime As substâncias alucinógenas do chá do Santo Daime, servido na igreja de Glauco, também podem ter contribuído para precipitar a crise.

Em Foz do Iguaçu, Cadu disse: "tomando a bebida eu vi Deus. Deus falou: 'Chega, você não precisa mais ficar doente. Todas aquelas vozes que você ouvia, aquelas maluquices que você estava fazendo, cara, acabou, cara. Acabou agora. Eu vim aqui pra te curar'", disse o estudante.

Cadu relatou no depoimento que no Paraguai "iria conseguir documentos falsos com a malandragem, ter uma vida nova, até poder voltar para São Paulo", onde tentaria realizar seu objetivo: que dissessem que seu irmão é Cristo reencarnado.

Cadu aguarda transferência Agora, preso na sede da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, o estudante aguarda transferência para um presídio de São Paulo ou para Catanduvas, no Paraná. A pena para todos os crimes que cometeu pode chegar a 95 anos de cadeia.

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