As chuvas que atingiram o Litoral do Paraná nos últimos dias provocaram estragos e também colocaram em alerta os veranistas em razão do risco de doenças. A água da chuva acaba arrastando muita sujeira e esgoto para o mar e deixa a praia imprópria para o banho. Em Matinhos, a Praia Central amanheceu coberta de espuma e detritos.
O professor do curso de Gestão Ambiental da UFPR Litoral, Paulo Henrique Marques, explica que a espuma na água é um dos sinais de que há mais coliformeis fecais do que o nível aceitável na água. "Quando há picos de chuva como nos últimos dias, mesmo que o local tenha saneamento, as fossas domésticas transbordam e os detritos atingem o mar, gerando a espuma e a coloração marrom".
De acordo com o último boletim de balneabilidade, divulgado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) no último dia 11, dos 44 pontos da orla analisados pelos técnicos, 18 estavam próprios para o banho e receberam a bandeira azul. Cinco pontos foram considerados impróprios e receberam a bandeira vermelha.
Os outros 21 pontos foram sinalizados com a bandeira amarela. Esta nova marcação foi introduzida nesta temporada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e significa que as localidades estão liberadas para banho somente se não tiver chovido 24 horas antes. Nesse caso, o veranista não deve se banhar nesses pontos.
Segundo a assessoria de imprensa do IAP, o tempo de 24 horas para que os pontos amarelos voltem a ser próprios para banhos é suficiente para que os coliformes fecais que estão na água sejam diluídos e levados pelas correntes marítimas. Após este período, caso não ocorram novas precipitações fortes, não há risco do ponto virar impróprio.
O próximo boletim de balneabilidade das praias paranaenses deve ser divulgado nesta sexta-feira (18).
Doenças
O IAP considera o ponto impróprio para o banho quando a analise da água aponta presença superior a duas mil bactérias Escherichia coli (E. coli) por 100 mililitros, ou quando duas ou mais amostras, de uma série de cinco, apresentam índices superiores a 800 E. coli por 100 mililitros.
A infectologista do Hospital Nossa Senhora das Graças Viviave Maria de Carvalho Hessel Dias afirma que o banhista que ingerir água contaminada por coliformes fecais pode ter diarréia, conjuntivite ou dermatite química. "Outros poluentes no mar podem gerar este tipo de irritação em contato com a pele ou com os olhos", diz. Outro risco é de infecção em feridas já existentes na pele. "Se há contato com a água contaminada, ela pode infeccionar com maior facilidade", explica.
A médica lembra, ainda, que a água da chuva acumulada, em caso de enchentes, pode estar contaminada com urinade rato. Neste caso, o risco é o contágio por leptospirose. Outra doença que pode aparecer por conta de água contaminada com coliformes fecais é a Hepatite A. No entanto, é mais raro que a causa seja a água do mar. "A água precisa estar bastante contaminada e ser parada, o que não é o caso da praia", diz Viviane.
Sem medo da água suja
Mesmo com a condição da água inadequada para o banho, alguns veranistas se arriscaram e entraram no mar.
Nesta tarde, o casal Cícera Cavalcante Carreiro e Tereza Drassi, de Londrina, se banhavam no mar de Guaratuba no trecho da Rua 29 de Abril, local sinalizado com bandeira amarela. "Depois de três dias só dentro de casa, resolvemos passear um pouco. A água não parece tão limpa, mas está melhor do que em Matinhos", acredita Tereza.
Já o casal Sílvia e Carlos Carvalho e a filha Júlia, que chegaram em Guaratuba na última terça-feira (15), vindos de Astorga, Norte do estado, não acharam o mar diferente dos outros anos. Eles já passam o verão no Litoral há sete anos. "A cor é por causa da chuva, mas não achei muito sujo", disse Carlos.
Confira no mapa a situação de cada um dos pontos analisados Visualizar Balneabilidade - Verão 2010/2011 em um mapa maior